segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Euro Reise: Praga

E assim, eu estava em Dresden. Um pouco cansado, é verdade, mas como eu teria muito tempo para dormir em Recife procurei buscar algumas energias dentro de mim para aguentar o fim de semana.

Liguei para e turma, me explicaram onde eles estavam. Falaram de uma praça e a rua que eles estavam ficava entre duas ruas que terminavam nesta praça. Quando cheguei na tal praça comecei a dar a volta nela olhando o nome de todas as ruas. Obviamente a praça era grande pra caramba, com várias ruas que partiam dela e eu vim encontrar a rua desejada depois de ter dado uma volta completa. Se tivesse começado a procurar no sentido contrário seria a primeira rua que eu encontraria.

Deixando esse pequeno azar de lado, daí pra frente foi bem fácil de achar os caras. E qual a minha surpresa quando vejo o furgão de Christoph estacionado na rua sem nenhuma casa que aparentasse ser uma pousada ou albergue por perto. Pois é, os danados estavam dormindo no furgão desde a quinta feira quando saíram de Braunschweig para viajar. E eu teria que entrar na roda também. Pelo menos o carro era "bem equipado" como vocês podem notar na foto abaixo.


O banco atrás de Rominho e Damian virava uma cama e havia um compartimento na parte de cima do carro que a gente puxava e conseguia espaço para mais dois dormirem. Tá certo que éramos cinco, mas isso era só um pequeno detalhe.

Depois dos caras escovarem os dentes (pois é, tem até um lavabo dentro do furgão), lavarem o rosto e a cabeça, no melhor estilo banho de gato pudemos seguir viagem, que foi bem tranquila pelo menos para mim que dormi durante todo o percurso e acordei na capital tcheca.

Já havia passado de meio dia, então só teríamos algumas horas da tarde para dar uma volta pela cidade. Desse tempo disponível perdemos bastante atrás de alguma casa de câmbio para que o pessoal pudesse trocar os euros pelas estalecas tchecas. Só a cargo de informação a conversão Euro/Coroa Tcheca é algo da ordem de 1 para 23. Pense num trabalho que dava para ficar convertendo o preço das coisas. Apesar de tudo, muitas coisas lá são mais baratas. Já que era assim então podíamos nos dar ao luxo de pelo menos trocar os fast foods por um restaurantezinho mais pomposo. Pude então apreciar algumas costelas de porco acompanhadas de um cervejinha tcheca. Por sinal, todas as cervejas tchecas que eu provei eram muito boas.



E assim rapidinho o tempo passou e já estava na hora de realizar mais um pub crawl. Antes disso ainda voltei para o estacionamento onde nosso furgão estava para dar aquela calibrada no desodorante e no perfume e escovar os dentes. Em alguns segundos eu estava novo, hehe.

Mas no ponto de partida do pub crawl iniciou-se uma discussão sobre se realmente iríamos participar do evento ou não. Alguns achavam que valia a pena, outros estavam pensando que não havia muita gente e que podíamos usar o dinheiro do pub crawl para beber em outros lugares, já que a bebida não era tão cara assim. Acabamos optando apenas por seguir o grupo do pub crawl em sua peregrinação através dos bares. Uma cervejinha aqui, um rum com coca ali, um, dois, três bares, e no fim estávamos numa boate de nome complicadíssimo e que é dita ser a maior do leste europeu. E eu não duvido. Eram cinco andares, cada um com dois ambientes, cada um tocando um tipo de música diferente e todos lotados. A partir daí era cada um por si. Quem quiser que fosse para o local que lhe agradasse mais. E no final da noite todos deveriam se encontrar num determinado ponto.

Só que como sempre alguém não cumpre com o combinado (preciso diser que foi o argentino?) voltamos para o furgão eu, Rominho e o espanhol Marcos. Christoph foi outro que sumiu sem dar notícias. Eu preferi voltar logo para garantir meu lugar no carro. Acabei dormindo na parte de cima num local apertadinho e nem um pouco recomendado para clautrofóbicos, mas se é de graça tá valendo.

Acordamos no dia seguinte (tarde obviamente), Damian e Christoph haviam voltado. Damian contando para nós suas histórias de quem perde a noção do que estava fazendo e acaba em situações inusitadas e Chirstoph mostrando algumas fotos da cidade que ele havia tirado de manhã quando estava voltando para o carro. Ainda tivemos tempo de passear mais um pouco antes que a chuva acabasse de vez com o nosso ânimo e só nos deixasse com a alternativa de fazer mais uma refeição e então pegar a estrada para Braunschweig. Cerca de seis horas depois estávamos em nosso destino. É fácil saber qual foi a primeira coisa que fiz ao chegar em casa. Um banho urgente!!!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Kings of Leon & Incubus

Como eu disse, lá estava eu novamente em Braunschweig. Não tenho muitas recordações sobre este período que durou mais ou menos uma semana. Não há registro de fotos nem de viagens desses dias, excetuando-se algumas fotos tiradas numa noite onde reunimos a turma toda para passar a madrugada jogando CS (quem por acaso não conhecer digite no google Counter Strike que vai descobrir do que se trata e vai perceber logo que nem vale a pena perder tempo com esse lixo, hehe). Tirando isso com certeza rolou alguma farra em algum canto da cidade. O fato é que eu já estava na contagem regressiva para que chegasse a terça feira e eu pudesse ir novamente a Berlin para conferir o show de Kings of Leon.

O local escolhido para o show foi o Waldbühne, que pode ser conferido abaixo (sempre me esqueci de postar algumas fotos dos lugares que fui, pretendo começar a fazer isso a partir de agora) e eu cheguei meio que em cima da hora do show (de acordo com o horário do ingresso) e acabei ficando na parte mais baixa do anel superior da plateia. Se por um lado eu fiquei longe pra caramba e os músicos da banda ficaram do tamanho de formigas pelo menos o desnível entre cada fileira permitia uma visão perfeita do palco. O terceiro show da turne para mim foi o menos animado. Talvez pelo fato de eu ter ficado meio longe, mas principalmente porque apesar de conhecer várias músicas eu não conhecia a letra de muitas delas, e eu gosto não só de ouvir, mas de cantar junto. De toda forma também foi uma excelente apresentação.



Três dias depois, era hora de visitar Berlin mais uma vez. Surgira um show de última hora que eu também não poderia perder. A banda da vez era Incubus. No fim de maio os caras anunciaram no site deles que estavam iniciando uma turnê para o lançamento de um novo álbum e uma das primeiras paradas seria na capital alemã. Sem perder tempo fiquei só esperando iniciarem as vendas dos ingressos e tratei de garantir o meu. Desta vez eu teria a companhia de dois amigos de Braunschweig, Marcell e Gobbi. E também poucos minutos antes de sair de Braunschweig com eles, acabei marcando uma viagem rápida para Praga no sábado e no domingo. Pegaria um trem de madrugada com destino a Dresden, onde eu me encontraria com Rominho e alguns amigos estrangeiros, entre eles o sempre viadão argentino Damian.

Chegando no local do show de Incubus, percebemos logo do lado de fora que o ambiente era pequeno. Poucos ingressos haviam sido colocados a venda. Talvez uns três mil no máximo. No final das contas foi perfeito. Ficamos bem próximos ao palco, sem muita gente alta na nossa frente para atrapalhar (exceto um maluco que queria a todo custo pular o máximo, mesmo nas músicas mais calmas). Tirando esse pequeno detalhe todo o resto foi fantástico. Um show de qualidade inversamente proporcional ao tamanho do local que fez com que noventa minutos se passassem voando.

E com o show terminado por volta de meia noite e algumas horas de diferença entre o horário atual e o da partida do meu trem para Dresden eu pude realizar uma de minhas atividades favoritas que era passar o tempo na Hauptbahnhof esperando a hora do trem sair enquanto tento dormir um pouco sentado em um banco desconfortável.

Mas como o tempo passa, por mais devagar que seja, finalmente chegou a hora de ir e eu pelo menos pude ser recompensado com uma cabine vazia com espaço suficiente para eu me deitar (podendo até esticar as pernas). Aí sim as horas passaram rápido. Num instante eu estava em Dresden e precisava me levantar e sair do trem para procurar meus companheiros de viagem.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Euro Reise: Copenhagen

Pois é, quase um mês se passou desde minha última postagem. A razão é simples, muitas viagens durante esse período. E aqui vou eu mais uma vez falar de outras viagens.

Voltando no tempo em dois meses, eu me encontro saindo de Berlin, parada rápida em Braunschweig só pra tomar um banho, comer algo, arrumar de novo a bagagem e lá vou eu pegar mais um trem para Hamburgo. Nesse história de Hamburgo/Braunschweig pra cá, Braunschweig/Hamburgo pra lá e mais viagem pra não sei aonde acabei passando horas e mais horas dentro de trens, mas muitas horas mesmo. Sem falar nas horas passadas nas estações esperando por esses trens e das horas em aeroportos esperando voos.

Mas para poder viajar tem que ser assim mesmo, então lá fui eu encarar mais cinco horas de trem de Hamburgo para conseguir chegar em Copenhagen. Cansado como estava tentei dormir um pouco, aquele sono torto que só serve para evitar que os olhos passem o dia todo coçando e as pálpebras pesadas. Mas eis que meu belo sono foi interrompido quando o trem para e o pessoal começa a se levantar, eu olho pela janela e vejo uma parede, todo mundo saindo sem levar as malas e eu pensando que fosse algum tipo de alfândega. Depois finalmente percebo que o trem está dentro de um navio atravessando o Ostsee (também conhecido como Mar Báltico) num trechinho entre a Alemanha e a Dinamarca. Pois é, com o sol brilhando, o vento frio vindo com toda a força e até uma gaivota que acompanhou o navio durante toda a travessia apenas planando, sem sequer bater as asas eu estava enfim na Dinamarca. Hora de voltar para o trem e continuar mais algumas horinhas de viagem.

Chegando na capital dinamarquesa, Rodolfo e Marina já estavam à minha espera. Seria muito provavelmente nossa última viagem juntos. Tiramos o resto do dia para passear pela cidade, tirar fotos e pá e pei e etc, o velho esquema de sempre. De noite acabou chovendo bastante e estragando nossa programação noturna que também nem seria lá essas coisas porque era uma segunda feira. Acabou que eu me diverti bastante jogando sinuca na área de lazer do albergue.

A chuva deu uma aliviada no dia seguinte e as programações principais incluiram uma visita a uma comunidade chamada Christiania, uma comunidade independente localizada dentro mesmo de Copenhagen criada lá pela década de 70 por alguns hippies. Um lugar realmente único para ser visitado. Lá dentro não era permitido tirar qualquer tipo de foto, mas podíamos passear pelo local sem problemas. É um lugar bem interessante cuja visita é obrigatória para qualquer turista. Quem quiser saber um pouco mais sobre a comunidade pode dar uma pesquisana na internet.

A parada seguinte era a fábrica da Carlsberg, a cerveja mais famosa da Dinamarca. Fizemos um tour pela fábrica, ouvimos um pouco da história da cerveja, tudo em prol da degustação oferecida no final do passeio. Uma curiosidade sobre a cerveja era que no início a marca usava o símbolo da suástica, que segundo o folder que falava sobre o símbolo explicava que ele havia sido retirado do rótulo da cerveja nos anos quarenta após ter perdido o seu sentido original.

Depois da visita ainda tive tempo de caminhar um pouco mais pela cidade (acho que caminhei tanto quanto andei de trem). Depois disso era hora de encarar novamente as cinco horas de trem e aproveitar o tempinho dentro do navio que faria a travessia para a Alemanha. E lá estava eu de volta em Hamburgo. Alguns dias depois estava novamente em Braunschweig aproveitando com a turma e só esperando chegar os próximos shows.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Um aniversário muito louco

Vou dar um pulo de duas semanas no tempo e contar logo sobre o dia do meu aniversário para não acabar falando sobre isso somente daqui a um mês. Copenhagen e os outros shows em Berlin ficam adiados para a próxima postagem.

Para comemorar meu aniversário numa terça feira, nada melhor do que fazer um revival de aniversários anteriores. Eu ia jogar boliche com a turma. Convidei a galera e me planejei para sair do boliche direto para a Hauptbahnhof e pegar um trem para Bremen (mais uma pernoite em Bremen) e de manhã pegar o voo para Edimburgo.

Mas eu também queria celebrar com o pessoal de Hamburgo. Liguei para Rodolfo, pedi para ele avisar a galera e lá fui eu mais uma vez fazer o trajeto Braunschweig/Hamburgo. Chegando lá tomei o velho rum com coca comendo batata chips e cantei ao som do violão de Rodolfo acompanhado de toda a turma de Hamburgo até a meia noite, quando a galera cantou parabéns (zum geburtstag viel glück) comemos uma tortinha e o pessoal se despediu.

A manhã do meu aniversário já começou errada. Das duas uma, ou eu não ativei o alarme do despertador ou ele tocou e eu desliguei e voltei a dormir sem perceber. O fato foi que eu acordei às 9:00, hora que eu queria já estar a seguindo para a hauptbahnhof para voltar a Braunschweig. Mas eu ainda tinha que passar em Kiwittsmoor para checar se eu havia recebido alguma correspondência nesse período. Lá fui eu para Kiwittsmoor pela última vez e ao chegar o Hausmeister me diz que não havia nada para mim. Viajei para nada. O problema maior foi que eu havia comprado um cupom num site estilo o Peixe Urbano com uma oferta de óculos escuros por 20 euros. Era só apresentar o cupom em uma das lojas participantes e ver quais os óculos que estavam disponíveis. Mas eu fui inventar de colocar o endereço de Kiwittsmoor como local de entrega ao invés de algum endereço em Braunschweig. Como era de se esperar os correios não enviaram o cupom para Kiwittsmoor e eu perdi vintinho em euros. É incrível como o Deutsche Post é incompetente. Eu tive uma dor de cabeça danada para conseguir receber meus ingressos dos shows que eu fui porque os desgraçados ou eram muito burros para encontrar minha caixa de correio ou simplesmente são uns fdp que têm preguiça de procurar direito e mandavam as correspondências para uma agência dos correios para que eu passasse lá para pegar.

Deixando esse assunto para lá voltei para a casa de Rodolfo e acessei o site da internet para conferir novamente os horários dos trens para Braunschweig e os horários eram diferentes. Quando eu havia olhado da primeira vez eu tinha pesquisado no sentido Braunschweig/Hamburgo ao invés do contrário. O trem com o melhor horário sairia de 13:50 e levaria três horas até Braunschweig. Eu tinha uma hora e quarenta e cinco minutos. Resolvi almoçar com Rodolfo. E aí começa a correria. Vai no supermercado. Compara os preços, compra a comida, volta pra casa, esquenta a água, tempera o camarão, bota o macarrão pra cozinhar, arruma a mala, come rápido, se despede de Rodolfo, sai correndo na rua só para garantir que não vai perder o metrô... ufa! Foi corrido, mas agora eu estava no metrô e levaria 17 minutos para chegar na estação e tinha 22 minutos para pegar o trem. No final havia dado tudo certo.

Tudo certo? Tudo certo uma ova! Eis que a HVV (a companhia de transportes de Hamburgo) me presenteia na estação onde eu trocaria de trem com uma funcionária mandando todo mundo sair do metrô porque aquele em especial não ia sair. Resultado? Perdi a porcaria do trem pra Braunschweig. Fiquei tão irritado na hora que nem quis parar para ouvir da mulher a razão pela qual o metrô não ia sair. Agora ao invés de pegar o trem para Braunschweig de 13:50 e pegar três horas de viagem, eu ia pegar um trem às 14:50 e viajaria por três horas e cinquenta minutos, ainda ia ter que tomar banho e arrumar minhas malas para ir já pronto pra viajar direto do boliche. Resultado, eu chegaria pelo menos meia hora atrasado no meu próprio aniversário.

Só para constar, escrevi isso logo após esses fatos terem ocorrido, pois eu teria que esperar 40 minutos pelo trem na Hauptbahnhof e tinha o computador com a bateria cheia para me distrair um pouco. Ou seja, pude relatar praticamente ao vivo o quão emputecido eu estava com o ocorrido.

E como merda só presta grande, não satisfeitos em já terem comprometido a minha programação para a noite,atrasaram a partida do trem em dez minutos. Mas tudo bem, eu tenho 19 minutos de intervalo para trocar de trem. Eis que eu chego a tempo na estação onde vou trocar de trem e recebo a notícia de que o trem que eu ia pegar ausfallou (não vai partir). Agora não vou mais chegar em Braunschweig de 18:40 e sim às 19:00, isso se no próximo trem não der merda também. Vamos só ver.

E o resultado? O trem seguinte saiu na hora certa, tudo dentro do que estava planejado. Mas como parece que alguém tirou o dia para curtir com a minha cara, no meio da viagem o maquinista vem e diz que rolou alguma treta no meio do caminho e que o trem não encerraria a viagem em Braunschweig e sim numa outra estação. SIM! NÃO É PIADA! ESTOU DESDE UMA E MEIA DA TARDE TENTANDO CHEGAR EM BRAUNSCHWEIG! A solução agora foi ligar para meu amigo Alex e pedir a ele que fizesse o grande favor de me buscar nessa estação. Agora estou dependendo dele para conseguir finalmente chegar em casa.

E aí então acabou a parte que foi relatada ao vivo. Pelo menos daí pra frente deu tudo certo. Cheguei na estação e Alex já estava no estacionamento me esperando, levamos uns 20 minutos para chegar em Braunschweig, me arrumei nas carreiras, preparei minha mala para a viagem e cheguei no boliche às oito horas. Daí pra frente finalmente acabou o stress e eu pude relaxar jogando uma bela partida de boliche com a presença da brasileirada e alguns amigos gringos. E o dia se encerrou com eu e Rominho pegando um trem para Bremen, de onde seguiríamos para mais uma viagem. Próximos destinos, Edimburgo e Estocolmo.

domingo, 3 de julho de 2011

Berlin e mais shows

 Apesar dos também quase três meses que eu havia passado em Hamburgo também terem sido muito proveitosos eu sentia que o meu verdadeiro lugar era Braunschweig. Lá talvez eu tivesse melhores opções para ocupar esse tempo livre que agora eu tinha.Resolvi falar com o Hausmeister do meu alojamento para saber se era possível antecipar o encerramento do contrato do fim de junho para o fim de maio e ele disse que não havia problema. Mas também não foi uma decisão fácil. Eu estaria deixando para trás meus bons amigos Rodolfo e Marina, sem os quais eu não teria conhecido tantas outras pessoas, entre elas os alemães Cristian e Nick, dois sujeitos muito loucos que sabem fazer festa no melhor estilo brasileiro. Nick por sinal chegou a morar um tempo no Brasil, fala português muito bem e disse que já esteve uma vez no carnaval de Olinda e que foi a melhor festa da vida dele. Além deles havia outras pessoas como o russo Anton, nossas amigas gregas e, em especial, uma italiana chamada Irene. Uma pessoa maravilhosa com quem eu tive a oportunidade de compartilhar alguns momentos muito agradáveis durante o curto período de um mês em que nos conhecemos. Ter que trocá-la por Braunschweig foi uma decisão muito complicada. Eu acabei me apegando a ela mais do que deveria, mas sentia que o fim de intercâmbio não deveria ser em Hamburgo e que era hora de procurar um novo desafio e levar comigo as boas recordações dessa cidade maravilhosa que foi onde a minha jornada começou e por muitas vezes me acolheu durante todo esse tempo. Novamente preparei minhas malas (hora de recomeçar o tal do leva e traz), aproveitei a quarta feira véspera de feriado para ir com a galera no bar do alojamento e me despedir de todos. Braunschweig me aguardava novamente, mas eu só voltaria a Braunschweig definitivamente uma semana depois. Na quinta cheguei lá só para deixar algumas bagagens com Rominho, tomar um banho e pegar outro trem com destino a Berlin para a segunda etapa da temporada de shows.

Berlin, a gloriosa capital alemã me dava as boas vindas novamente através da sua Hauptbahnhof gigantesca. Quem estava lá para me dar as boas vindas também era Rodrigo, um velho amigo que havia morado no meu prédio há alguns anos e estava fazendo intercâmbio em Berlin. De lá fui para a casa dele que seria o meu abrigo nas três noites seguintes e descansei um pouco para ir ao show. A banda da vez seria Mando Diao. Um grupo de suecos que eu tive a sorte de verem tocando num festival em Valência pela MTV. Gostei das músicas logo de cara e comecei a pesquisar um pouco mais sobre eles na internet, baixei algumas músicas e virei fã. Chegando na Alemanha deu logo pra ver que os caras faziam muito sucesso aqui na Europa. Eles tinham lançado um CD/DVD de um show acústico e eu aproveitei para conferir mais músicas deles e ficar com o repertório na ponta da língua. O show não fugiu às minhas expectativas. Muito bom mesmo. Virei fã de carteirinha dos caras que conseguiram me manter vibrante durante toda a apresentação mesmo depois de passar cerca de duas horas e meia em pé assistindo duas bandas de abertura até os caras começarem a tocar. Mas no fim eu estava cansado pra caramba. Rumei para a casa de Rodrigo (o local do show estava para a casa de Rodrigo assim como Kiwittsmoor está para o centro de Hamburgo) e fui dormir direto. A sexta seria um longo dia.

Acordando por volta de meio dia, comi alguma coisa, me arrumei e fui com Rodrigo para o apartamento de uma amiga dele que estava morando em Berin também. Por coincidência algumas amigas de Recife que estavam de intercâmbio na França haviam aproveitado o feriadão que havia começado no dia anterior para fazer uma visita a Berlin. Peguei o bonde das meninas e fui turistar por Berlin novamente com elas. A programação noturna não poderia ser outra. Boate, claro. Depois de fazer aquele velho warm up em casa, fomos todos para um prédio onde a festa rolava nos últimos andares e pudemos ter uma vista privilegiada do amanhecer em Berlin na cobertura do prédio. Acredito que eu ainda não tenha comentado nada sobre quanto sol nós temos aqui no verão. Em Berlin, a três semanas do dia mais longo do ano, o céu já está azulado às 3:30, o sol nasce antes das 4:30 e só vai se pôr depois das 21:30. No início era muito massa e coisa e tal, mas depois de um tempo você perde a noção de horário, sem falar que com essa história do sol demorar para se por, fica quente até umas oito da tarde (noite).

E foi para aproveitar esse solzão que a turma de Berlin tomou a tarde do sábado para fazer o velho churrasco no parque no melhor estilo alemão. Salsicha de tudo quanto era tipo, pão de alho e, claro, cerveja. Uma beleza, hehe. O churrasco começou lá pelas cinco da tarde e acabou por volta das dez, quando o sol havia finalmente ido embora. E aí só para não dizer que passamos uma noite de sábado sem sair, fomos para um barinho bater um papo e relaxar. Berlin foi excelente e eu estaria de volta em breve para mais alguns shows. No domingo já era hora de retornar a Braunschweig, só que novamente eu não passaria muito tempo lá. Cheguei no fim da tarde, descansei um pouco e coisa e tal, e de noite peguei mais um trem para Bremen. Ia passar umas três horas enrolando por lá e pegar outro trem para Hamburgo, de onde eu seguiria às 7:30 para uma cidadezinha não muito conhecida chamada Köbenhavn.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Euro Reise - Ibiza, parte 2

Sexta seguimos com nossa jornada de passeio pelas praias e já era possível ver o resultado do sol na pele de alguns companheiros, em especial do argentino Damián que já estava um verdadeiro camarão. Fizemos nosso lanchinho na praia (farofeiro sempre), pulamos de praia em praia tirando fotos, tomando um solzinho e uma cervejinha (cerveja espanhola nem se compara com a alemã), a galera tomou um banhozinho de mar pra refrescar (eu ainda não estava muito afim de entrar na água) e acabamos encerrando a tarde numa praia onde a prática do nudismo era liberada e rolava um mix entre pessoas com roupa de banho e outras totalmente peladonas. Adivinha quem foi que resolveu nos assustar com sua bunda branca... tinha que ser o argentino! Como se já não bastasse ter que aturar o argentino que da cintura pra baixo estava totalmente branco e da cintura pra cima mais vermelho que um pimentão, ele ainda deu uma de doido (sim, ele consegue ser mais doido do que se pode imaginar) e nadou até uma rocha que ficava meio longe da praia e escalou até o topo ) devia ser uns 10 ou 12 metros só pra fazer pose pras fotos da galera que ficou na praia.

Durante a noite era hora de festa de novo. Passamos um tempo na rua dos bares cheia de ingleses e depois fomos para uma boate onde estava rolando uma festa dos estudantes erasmus. Ou seja, a festa era privada. Na base da malandragem brasileira (e argentina) acabou que metade da turma conseguiu entrar e a outra metade não. Lá dentro da boate pelo menos as nacionalidades eram mais mescladas, apesar dos ingleses ainda dominarem o pedaço. O destaque da festa vai para o banho de água que começou lá pelas horas altas da madrugada e inundou o andar mais inferior da boate. Damián, Rodrigo e Kelly se ferraram nessa brincadeira enquanto eu e Rominho ficamos no andar de cima, seguros e (quase) secos.

Sábado rolou mais praia. Desta vez a água já estava numa temperatura um pouco mais agradável e deu pra relaxar tomando um banho de mar e apreciando a paisagem paradisíaca. Relaxar durante a tarde para poder agressivar durante a noite é o que se deve fazer. Para dar um tempo nos sanduíches que comíamos durante nossa farofada, fui com uma parte da turma atrás de um restaurante para matar nosso desejo de comer algum prato de frutos do mar. Terminamos encontrando um local que servia uma Paella por um precinho camarada. Nem precisa dizer que foi a melhor refeição da viagem.

E para fechar a noite tínhamo que visitar uma das boates fodonas de Ibiza. A escolhida foi a Pacha, uma das melhores do mundo. Como ainda não era alta estação não levamos nenhuma facada na hora de comprar os ingressos para a festa. Com os ingressos na mão restava agora fazer o velho warm up na pousada pra todo mundo chegar lá no brilho e não ser estuprado pelos preços das bebidas dentro da Pacha. No final deu tudo certo. Todos se divertiram e pá e num sei o que lá. Apenas nosso amigo Alex acabou se dando mal quando comprou uma cerveja que custava oito euros e dos 50 euros que usou pra pagar, só recebeu dois de volta, pois a bargirl alegou que ele tinha pago com uma nota de dez. Osso.

Domingão foi dia de mazela total, todo mundo acordando tarde, almoçando tarde, fazendo tudo tarde. Depois de comer eu optei por permanecer na pousada deboando enquanto alguns ainda tiveram fôlego para visitar mais uma ou duas praias. A noite foi encerrada na rua dos ingleses novamente. Depois dessas noites nessa rua eu tomei um abuso enorme do sotaque dos ingleses. Eita sotaquezinho de fresco dos infernos.

No último dia, com todos já cansados de praia e festas, a programação foi visitar a cidade velha de Ibiza. Basicamente era um morro cujo topo encontrava-se uma igreja, um pouco mais abaixo um forte e o resto era tomado por casas. Um belo lugar para se ter uma vista geral do mar, do porto e da cidade. Caminhando um pouco aqui,, tirando umas fotos ali, o tempo passou e era quase hora de ir para o aeroporto. Mas ainda dava pra passar uma horinha em uma praia que fosse ali por perto.

Chegando no aeroporto com algum tempo de sobra, eis que um colega (como não era Damián, não revelarei a identidade da pessoa) se dá conta de que havia esquecido de imprimir a passagem  para o voo da volta. (Obs: essa pessoa também não era eu). E a turma da Ryanair cobra a bagatela de 40 euros para imprimir a passagem na hora. Como ele tinha o arquivo no pen drive bastava procurar uma internet house na cidade para ele poder imprimir a passagem. Só que os carros já haviam sido devolvidos para a locadora. Ele não teve dúvida e pegou o primeiro ônibus para a cidade. Os detalhes eram: ele não tinha mais crédito no celular e havia deixado conosco a sua mochila com seu computador e o passaporte. Ou seja, tínhamos que dar um jeito de deixar a mochila com alguém do aeroporto caso ele não voltasse a tempo. Por sorte aos 45 do segundo tempo ele apareceu caminhando como se tivesse todo o tempo do mundo. Passado o susto pudemos enfim retornar para casa tranquilos. O amigo argentino de Damián seguiu com seu mochilão para algum outro país que no momento eu não recordo qual era. A galera pegou o trem para Braunschweig e eu rumei de volta para Hamburgo.

Passei o resto da semana andando pela cidade e pesquisando na internet algum tipo de serviço com o qual pudesse ganhar uma graninha, mas não dei mais sorte. Agora eu já não sabia ao certo o que fazer. Ainda me restavam quase três meses de Alemanha e Hamburgo agora já parecia não ter mais o que me oferecer (em matéria de trabalho). Nesse meio tempo de indecisão recebi novamente a visita da brasileirada de Braunschweig para mais um final de semana da pesada, só que desta vez não ficaríamos até altas horas numa festa na casa do chapéu. Eu precisava mostrar a eles o que era a vida noturna em Hamburgo e não havia outro lugar que não fosse a reeperbahn. No final da noite salvaram-se todos e pudemos deixar mais uma noite roxeda guardada em nossas memórias. Para coroar o fim do mês de maio nada como começar o meu tour de shows de bandas fodonas.  A escolhida para o início do tour foi a banda Beady Eye que para quem não sabe é formada pelos ex-integrantes do Oasis, excetuando-se Noel Gallagher. O local escolhido para a apresentação foi a Grosse Freiheit, nas imediações da reeperbahn, e o show, embora curto, foi genial. Fiquei a poucos metros do grande Liam Gallagher, uma das lendas do rock dos anos 90. Um verdadeiro ícone. Um sujeito que é pop porque é chato pra cacete. O cara passa o show todo parado fazendo cara de irritado e pose de soldado e ainda sim consegue ser idolatrado, mas ele merece. Afinal, ele é Liam Gallagher. E assim eu encerrei mais uma noite memorável em Hamburgo.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Deutsche Reise - Ibiza, parte 1

A minha jornada na Stulz havia finalmente chegado ao fim. Foram dois meses puxados, mas bem interessantes. Apesar de eu não ter tido condições de executar tarefas e projetos mais complexos pude aprender bastante sobre o dia a dia da empresa e como os departamentos trabalham e se interrelacionam. E ainda tive a oportunidade de praticar o idioma por oito horas diárias. Gostaria de mandar meus agradecimentos para meu cunhado Ernesto pela oportunidade que me foi dada e dizer que foi uma experiência única que ajudou no meu desenvolvimento profissional e que com certeza me trará outros benefícios no futuro.

Encerrei meu contrato na quarta feira, agradeci ao pessoal mais próximo pela oportunidade e o tempo dedicados a mim, almocei e fui imediatamente para a Hauptbahnhof pegar um trem para Bremen. Lá haveria um avião me esperando no aeroporto para me levar a Ibiza, além de um pequeno grupo composto por outras onze pessoas. Sete brasileiros, Guilherme, Barretão, Rominho, Rodrigo, Alex, Kelly e Serjão (um tiozão muito engraçado que era professor do Cefet do Rio e estava fazendo um mestrado (ou doutorado, não lembro exatamente qual) em Braunschweig e havia conhecido o pessoal sabe-se lá como. Para completar o grupo havia nosso amigo alemão Christoph, uma espanhola, Marina e o nosso argentino favorito Damián e um amigo argentino dele Pablo.

Ibiza, nunca imaginei que estaria lá tão cedo. A Ryanair estava me dando a chance única de conhecer essa maravilhosa ilha por apenas 60 euros. Quando a turma me informou sobre esta viagem e eu constatei que a data coincidia exatamente com o dia em que eu encerraria meu estágio eu não pensei duas vezes, entrei na internet e comprei minha passagem imediatamente. Desta vez não tive nenhum imprevisto com a Ryanair, tudo ocorreu sem nenhum tipo de problema.

Não tivemos problema nenhum com a Ryanair. Já com a locadora de carros a história foi bem diferente. Para cada carro eles pediam um depósito de 500 euros para servir como caução, como eram três carros, precisavamos pagar 1500 euros. Só que cada carro tinha que estar registrado no nome de uma pessoa e esta pessoa teria que ter os 500 euros disponíveis em sua conta. Somente Damián e Alex tinham condições de ficarem responsáveis por um carro. Os demais ou estavam sem carteira de motorista ou não tinham a quantia necessária. Como eu tinha a carteira e o dinheiro me ofereci para colocar o terceiro carro no meu nome. Só que a funcionária da companhia disse que com 18 anos era permitido dirigir, mas a locadora só registrava o carro para pessoas a partir de 22 anos. Nunca imaginei que com 21 eu fosse me sentir um moleque.

No fim das contas tivemos que ficar apenas com dois carros mesmo. Não parecia ser um grande problema. Considerando que era uma ilha podíamos usar um dos carros para fazer duas viagens sempre que quiséssemos ir para algum lugar. Não seria tão demorado assim.

Só que a tal da ilha não era uma ilhazinha qualquer não. Era muito maior do que eu imaginava. No caminho para nosso albergue não vimos um sinal sequer do mar, só montanhas. Outra coisa que pudemos constatar também foi que Damián era um péssimo motorista. Ele tentava se guiar através do GPS de Christoph, mas isso só atrapalhava. Já no dia seguinte descartamos o GPS, pois havia placas em todos os cantos para nos indicar os caminhos que deveríamos seguir. Agora quando eu quiser reclamar de alguém no trânsito, ao invés de dizer que a pessoa tirou carteira na paraíba vou dizer que tirou na Argentina.

O nosso albergue na verdade era mais uma pousada do que um albergue. Quartos bem confortáveis, toalhas em cima da cama como num hotel, camareiras todos os dias para dar um trato no quarto, tudo a um preço bem camarada. Havíamos tido sorte com a nossa habitação. Mas sabíamos que Ibiza não era nem de perto um lugar barato, então tínhamos que economizar onde fosse possível. E uma das formas de economizar era comprando no supermercado a comida do café da manhã e dos lanches.

Primeira manhã em Ibiza, hora de pegar o mapa (daqueles de papel mesmo, nada de gps fajuto), decidir para qual praia iríamos e então subir as montanhas. As estradas eram totalmente conservadas, mas era um tal de sobe e desce, curva pra esquerda e pra direita o tempo todo. Acho que ninguém esperava que a ilha fosse ser tão grande assim. Chegamos na primeira praia, tiramos algumas fotos aqui e ali, e quando eu botei o pé na água... medo! Gelada pra caramba! Resolvi que era melhor ficar só de boa, apreciando a paisagem, até porque eu ainda não tinha passado protetor e não estava afim de virar um camarão já no primeiro dia de praia. Mas os outros não pareceram se importar muito com isso. Depois de um banhozinho no mar e algumas fotos, pegamos a comida no carro, procuramos uma sombra e fizemos aquela velha farofada. Pão, presunto, queijo, frutas, água, suco, tudo o que um bom café da manhã precisa ter. Não preciso nem dizer que eu me empanturrei de pão, hehe.

Só que já nessa primeira parada rolou um pequeno acidente. Nosso querido tio Serjão caiu de uma pedra, deu uma ralada na perna e teve alguma bronca com o joelho. Ainda tivemos tempo de seguir para uma outra praia (também com a água geladinha) e deboar mais um pouco. Depois tivemos que passar numa farmácia, comprar uns remédios pra Serjão e alugar um par de muletas para o mais novo aleijadinho do pedaço.

Chegando a noite, era hora de começar os preparativos das fiestas. Como era uma quinta feira e a alta temporada ainda não havia começado nenhum dos nightclubs fodões de ibiza abriria nesta noite. Nossa opção era passear pela cidadezinha de San Antoni onde estávamos hospedados. Logo encontramos a rua dos bares e boates onde se concentrava a grande maioria da galera que estava na cidade. E o que vimos foi uma verdadeira invasão britânica. O que tinha de inglês nessa rua chegava a ser irritante. E a turma fica do lado de fora dos bares chamando o povo que está na rua para entrar. Abordavam a gente com aquele sotaquezinho cabuloso e falando feito retardados (hey guys... here...two beers...pay one...nice... yeah!). E quando entrávamos nos estabelecimentos a maioria estava praticamente vazia. O grande momento da noite foi protagonizado por duas piriguetes que encenaram uma luta livre no meio da rua. A melhor parte da noite foi que eu acabei não gastando dinheiro com bebida na rua.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Fim do novo emprego e Hafengeburtstag

E a vida em Hamburgo seguiu seu rumo, fui conhecendo algumas pessoas novas com o tempo, continuei meu trabalho na firma e agora estava bastante animado com o novo serviço no restaurante dos americanos. Meu trabalho era o trabalho de qualquer garçom comum. Anotava os pedidos dos clientes, repassava para a cozinha, servia as bebidas e as comidas quando estava tudo pronto.

Um detalhe interessante era o cardápio do estabelecimento. Na primeira página estava escrito algo do tipo “hambúrgeres não são feitos para serem comidos com garfo e faca, então por favor, ao menos se esforce um pouquinho para tentar comer o maldito hambúrguer com as mãos!”. O detalhe é que não era um hamburguerzinho desses que a gente encontra na maioria das lanchonetes. Eram hambúrgueres de 250g que eles colocavam dentro de um pãozinho minúsculo. Coisa de americano mesmo. Tive a oportunidade de provar um dos hambúrgueres duas vezes no final do turno de trabalho.

Parecia o trabalho dos sonhos. Como o restaurante ainda não estava recebendo muitos clientes, era possível revezar os dias de quem ia trabalhar ou não. Então eu não teria problemas para viajar para Ibiza. Só que o meu sonho não durou muito tempo. Depois de trabalhar por cinco noites e lucrar aproximadamente 200 euros, Tim veio me dizer que o movimento ainda estava baixo e ele não precisava de tanta gente trabalhando como garçom no momento. E nessa hora a minha  falta de experiência falou mais alto. Ele me disse que eu ficava meio travado na hora de atender os clientes, que não me comunicava com muita clareza e isso dificultava um pouco as coisas. No final das contas, ele não ia mais precisar de mim. Agora eu realmente tinha todo o tempo do mundo para viajar para Ibiza.

Depois dessa pequena decepção só me restava tentar voltar a procurar algum tipo de serviço. Só que eu não ia fazer isso durante um fim de semana. Fim de semana é o momento de tirar as preocupações da cabeça. E este seria um fim de semana bem especial porque desta vez era a turma de Braunschweig que viria para Hamburgo.

Enquanto uma parte do pessoal viajou para Praga, a outra parte resolveu ir para Hamburgo para aproveitar as comemorações do aniversário do porto. Uma caravana enorme havia vindo de Braunschweig para passar o dia em Hamburgo e retornar cedinho no domingo. Mas como eu era agora residente de lá, ofereci com muito prazer os metros quadrados de chão do meu quarto para a visita de Rominho, Rodrigo, César e Kássio.

No início da tarde fomos para o porto, que estava lotado de gente. O rio Elba estava tomado por barcos, navios, iate e qualquer outra coisa que flutuasse, uma verdadeira festa alemã com direito a várias barraquinhas de cerveja, comida, jogos e outras coisas que os alemãs adoram. Nos encontramos com nosso mascote argentino Damián que estava com um grupo de espanhóis. Depois do passeio pelo porto nos encontramos com Rodolfo e Marina e fomos todos para um parque relaxar até o sol se por.

Mas no final não houve nada de relaxante no passeio pelo parque. Encontramos uma outra turma e alguém dessa turma tinha uma bola. Era só o que precisávamos. Uma parte do grupo passou o resto do tempo jogando uma pelada daquelas bem peladeiras mesmo enquanto a outra parte ficou batendo papo sentada na grama. Eu fiquei na parte dos peladeiros, afinal, eu ainda não havia jogado futebol desde que chegara na Alemanha. Não preciso nem entrar muito em detalhes sobre a pelada, pois quem me conhece sabe o nível do meu futebol. Depois de muito tempo consegui acertar um belo chute e fazer a bola ir parar num lago que estava bem longe do campo. Sinal de que era hora de irmos embora. Kássio foi resgatar a bola e nós resolvemos encerrar o jogo.

Era hora então de reunir a cambada para voltar para casa, jantar e começar os preparativos para a noite de Hamburgo. Fizemos uma macarronada, compramos vodka, tomamos banho e iniciamos os trabalhos. E considerando que eu moro bem pertinho do centro da cidade, todas essas etapas nos consumiram bastante tempo. Quando chegamos nos arredores da Reeperbahn já era cerca de meia noite.

Encontramos Damián e sua turma, que haviam tomado outro destino, e lhes entregamos alguns packs de cerveja que eles tinham encomendado. Só que na Reeperbahn não era permitido caminhar com garrafas de vidro, então eles precisariam beber em outro lugar. Nisso Rodolfo havia me ligado avisando que rolaria uma festa de um amigo de um amigo dele e todos eram bem vindos. Não precisou falar duas vezes, lá fomos nós, um grupo de cerca de 15 pessoas para invadir a festa do maluco. A ideia era ficar lá bebendo até umas duas da manhã e depois voltar para a Reeperbahn. Bem, ficou só na intenção mesmo.

Acabou que todo mundo curtiu demais a tal da festa, fomos ficando, ficando, ficando... e levando em consideração o grupo grande que estávamos, reunir todo mundo para ir embora foi uma tarefa complicadíssima. No final das contas acabamos chegando na Reeperbahn perto das seis da manhã. Aproveitei para dar um pulinho na McDonald’s e comprar aquele velho cheeseburguer-anti-qualquer-bebedeira e renovei minhas energias. Nesse trajeto o grupo se dividiu em vários outros grupos menores e eu acabei encerrando a noite (que agora já era dia) no Fischmarkt com os outros sobreviventes. No final das contas a Reeperbahn que era o motivo principal da vinda do pessoal para Hamburgo foi totalmente esquecida. Depois de reencontrar alguns dos outros intercambistas de Braunschweig que tinham ido passar o dia em Hamburgo também e bater um papo com eles era finalmente hora de voltar para casa. Reuní Rodrigo e Kássio que eram os dois que estavam por perto naquela hora e fomos encarar a longa viagem de metrô para casa. Chegamos em casa sem qualquer notícia de Rominho ou de César, mas quando estávamos prestes a dormir Rominho ligou dizendo que havia dormido no metrô no caminho para casa, chegado até o ponto final e feito o percurso contrário para voltar ao centro, mas que estava quase chegando em casa. Com o sono que eu estava tudo o que eu disse foi “eu não me levanto pra abrir a porta pra ninguém, um de vocês dois vai fazer isso” e apaguei.

O domingo já começou com aquela cara de domingo. Todo mundo morto, meio lento, sem conseguir raciocinar direito. Aos poucos fomos retornando ao nosso estado normal e começaram a surgir comentários e histórias de tudo o que havia acontecido na noite anterior. Para preservar a reputação dos meus colegas (e a minha) não entrarei em detalhes sobre o que aconteceu. Talvez eu fale disso pra quem estiver interessado quando voltar para Recife. E assim havia terminado mais um fim de semana. A turma voltou para Braunschweig e só me restava descansar mais um pouco para recuperar as energias e me preparar para meus três últimos dias de trabalho.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Novo trabalho

Mais uma semana de estágio se iniciava. Mais uma semana para eu praticar meu alemão, aprender um pouco sobre a empresa e tentar dar uma mãozinha quando fosse possível. Só que agora eu estava começando a entrar na reta final do período do estágio. Na minha entrevista ficou definido que eu ficaria na empresa durante dois meses para aprender como ela funciona como um todo. Depois desse período, dependendo do meu interesse em uma área específica e da disponibilidade deles poderiámos prolongar o período do estágio por mais um mês. Só que a vida em Hamburgo estava ficando mais cara do que eu imaginava e eu estava cada vez mais interessado em ganhar dinheiro de alguma forma para amenizar as despesas do dia a dia aqui e conseguir juntar uma grana legal para fazer algumas viagens durante o mês de julho.

Como não havia garantia de que estendendo o meu período de estágio na Stulz eu passaria a ganhar alguma coisa, resolvi que era melhor tentar descolar algum emprego que eu pudesse ficar durante os meses de maio e junho. Comecei a pesquisar informações na internet e acabei por encontrar um site que oferecia várias oportunidades de emprego em tudo quanto era tipo de negócio. Selecionei alguns que me pareciam mais interessantes, mandei alguns emails e fiquei no aguardo das respostas.

Já havia me preparado psicologicamente para começar a receber vários emails com a maldita palavra “leider” que me atormentou bastante durante os meses em que eu estava procurando um estágio. Mas para a minha sorte já no dia seguinte ao que eu mandei os primeiros emails recebi uma resposta de um sujeito informado que caso eu tivesse interesse que desse uma passada no estabelecimento dele no dia seguinte. Com um detalhe, o sujeito disse que não falava alemão muito bem e me respondeu o resto do email em inglês. Bom sinal. Sem hesitar eu saí no dia seguinte do estágio direto para o local indicado.     

Chegando lá me deparei com um local anda bem empoeirado e desarrumado, com caixas e outras tralhas para tudo quanto era lado. O lugar simplesmente ainda não havia sido inaugurado. Os donos eram dois americanos. Tim e John, que tinham um bar/restaurante especializado em carnes e hambúrgueres e tinham um estabelecimento em Berlin há cerca de 5 anos e agora estavam prestes a inaugurar sua filiam em Hamburgo. Além de mim outras 4 pessoas haviam aparecido para ver se conseguiam um trabalho. Tim esplicou que como eles estavam começando agora, só tinham gente contratada para trabalhar na cozinha e que precisavam de garçons urgentemente, então estavam contratando quem tivesse interesse. Ou seja, cheguei lá, disse que topava ficar de garçom e simplesmente arrumei o emprego. Foi muito mais fácil do que eu imaginaria nos meus melhores sonhos.

O estágio continuou seguindo no mesmo ritmo. Pelo menos nas últimas semanas eu já não precisava mais chegar lá às seis da manhã. Nos departamentos por onde passei nas últimas semanas o turno do pessoal começava às oito horas. Eu saía de lá um pouco mais tarde, mas pelo menos não precisava mais me preocupar em estar na cama para dormir antes das dez. E aos poucos eu me aproximava do final do estágio.

 Nesse meio tempoconsegui descolar mais um tempinho para dar outro pulo em Braunschweig. Desta vez para participar de um churrasquinho no parque com a galera. Acabei descobrindo que havia um Stadtpark em Braunschweig (assim como em Hamburgo) onde a maioria do pessoal vai nos finais de semana quando a temperatura volta a subir. Pelo visto é o programa preferido dos alemães. Enquanto os brasileiros vão à praia no domingo e fazem aquela farofada, os alemães vão para o parque, tomam sol, bebem cerveja, jogam bola e fazem um churrasquinho de linguiça e salsichão.

O nosso churrasco pelo menos foi um pouco mais saboroso. A turma tinha comprado alguns pedaços de carne de porco já temperados e bastava apenas colocar na churrasqueira e esperar. Só o fato de colocar uma carne na grelha pra assar já era uma forma de matar as saudades desta experiência culinária brasileira. E para acompanhar o churrasco muita cerveja. Após a turma ter contabilizado os ganhos da festa, terminou que não houve lucro nem prejuízo e sobraram muitos litros de refrigerante e suco, além de quase 20 grades de cerveja daquelas garrafas de 330ml. Então eu tinha que pegar a minha parte dessas sobras, hehe. Para encerrar a tarde ainda aproveitei para acompanhar a semi final do pernambucano com meus colegas rubro negros Rominho e Rodrigo. O resultado do jogo, bem, essa parte todo mundo já sabe, então prefiro não comentar.

sábado, 21 de maio de 2011

Páscoa, enfim um feriado

E então na metade de abril a minha rotina em Hamburgo começou a se estabelecer. Acordando cedo para ir ao estágio, de tarde uma passada na academia pra dar aquela carga e dependendo da disponibilidade eu passava no alojamento de Rodolfo e Marina pra fazer aquele jantar bem família.

O estágio também foi se tornando mais interessante, embora eu continuasse sem ter condições de ajudar muito. O fato é que havia algumas coisas que eram mais complexas e levariam tempo para serem explicadas, e haveria ainda o obstáculo do idioma alemão. Apesar de eu já estar num estágio bem desenvolvido eu não posso me considerar fluente no idioma. Então os chefes de departamento se limitavam a me dar um esclarecimento geral de como funcionavam as coisas na empresa, sem entrar muito em detalhes. Eu aprendia o básico e ajudava com o que podia.

E então, ao final do mês de abril, pude finalmente ter a oportunidade de desfrutar o meu primeiro feriado de verdade desde a minha vinda para a Alemanha. Uma sexta e uma segunda sem trabalho para celebrar o feriado da Páscoa. Eu não estava interessado em passar quatro dias em Hamburgo, mas não havia planejado nenhuma grande viagem para esse período. A solução foi tentar visitar algumas cidades próximas o suficiente para não se gastar tanto dinheiro com a passagem de trem e haver tempo o suficiente para se visitar a cidade durante uma tarde e voltar para Hamburgo no mesmo dia para não ter que gastar dinheiro com albergue também. A cidade escolhida para a sexta foi Lübeck. A companhia, Rodolfo e Marina.

Pegamos nosso trenzinho na sexta de manhã e em menos de uma hora estávamos em Lübeck. A primeira coisa que me chamou atenção foi o fato do centro da cidade também ser circundado por um rio, assim como Braunschweig. A cidade era menor do que eu imaginava. Em cerca de seis horas conseguimos ver o centro todo. Foi o velho esquema de caminhar, tirar fotos e comer alguma coisa. Um dia tranquilo e bem interessante. Tudo isso debaixo de um solzinho como a muito tempo eu não via e agradáveis 20 graus de temperatura. No final da tarde já estávamos em Hamburgo novamente para decidir qual seria o próximo destino. Depois de mundo tempo de discussão resolvemos que a cidade a ser visitada no sábado seria Potsdam.

Só que agora não eram apenas 45 minutos de trem. Eram 4 horas e meia mesmo. Saímos de Hamburgo bem cedo, para chegar em Potsdam por volta de meio dia. A viagem foi até menos cansativa do que eu esperava. Enfim estávamos em Potsdam, cidade que basicamente é constituída de um parque gigantesco e alguns palácios e outras construções que ficam espalhadas pelo território do parque. O sol foi novamente camarada, nos acompanhando durante todo o passeio e proporcionando um clima ameno.  Foi um passeio interessante. Mais fotos, mais caminhadas, mais uma parada para uma cervejinha e no final da tarde ainda tivemos um tempinho para descansar um pouco no gramado bem cuidado de uma ilha chamada Freundschaft Insel, ou Ilha da Amizade e celebramos nossa Páscoa fazendo uma troca de chocolates.

Foi uma troca de chocolates mesmo, nada de ovo de Páscoa. Aqui na Alemanha não tem essa de você chegar no supermercado e ter um corredor gigante lotado de ovos de Páscoa de tudo que é tamanho, preço e marca. Você encontra um ou outro ovo de chocolate perdido em alguma prateleirazinha. O pessoal aqui gosta é de pegar um ovo de galinha normal e pintar da cor que quiser e pegar uma cestinha para colocar vários ovos coloridos para servir de decoração. Se comem os ovos depois eu não faço a menor ideia.

E então encaramos mais quatro horas e meia e várias trocar de trem para voltar de Potsdam para Hamburgo. O domingo foi aquele domingo bem com cara de domingo. Dormir até tarde, ficar o dia todo no quarto deboando e esperando a segunda chegar. Mas a segunda pelo menos era feriado também.

Então na segunda de manhã rolou um café da manhã de Páscoa com Rodolfo e a turma do andar dele, uma galera bem gente boa. Depois desta celebração de amizade e união fomos todos para o Stadtpark ficar deboando pelo resto da tarde. O sol da primavera é bem quentinho. O parque cheio de gente. Programa de fim de semana e feriado de alemão é simplesmente esse. Ir para o parque tomar sol, tomar cerveja, fazer um churrasquinho e ficar por lá até a temperatura começar a baixar. No nosso caso trocamos a parte do churrasquinho pelo violão de Rodolfo. E assim a tarde passou rapidamente, era hora de voltar para casa e retomar o batente na empresa no dia seguinte.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Brazilian Party!

Então finalmente chegou mais um final de semana. Desta vez eu visitaria Braunschweig mais uma vez. E chegando lá já dou de cara com um rosto novo, depois um segundo, mais tarde um terceiro, etc. Pois é, a gangue brasileira tinha aumentado ainda mais. Pena que agora não havia praticamente nenhum argentino para rivalizar conosco. Fazendo uso da nossa nobreza e boa vontade, acabamos por acolher Dámian, aquele que um dia foi o líder dos argentinos, no nosso grupo. Teremos mais alguns meses para fazer dele um brasileiro de verdade.

Como agora Braunschweig será somente um reduto de festas de fim de semana para mim então nem preciso entrar muito em detalhes sobre o que rolou de noite. Reencontrei velhos amigos, tomamos umas, falamos besteira e no final da noite havia um sofazinho confortável me aguardando. Até semana que vem, Braunschweig. Hamburgo aguarda o meu retorno.


E como eu havia dito antes, Braunschweig seria a cidade das festas. E num certo final de semana haveria uma festa muito, mas muito especial. A Brazilian Party in Braunschweig. Uma festa organizada pela turma brasileira da cidade e com apoio do nosso colega argentino Dámian.

Aos poucos tudo foi sendo organizado. Como hoje em dia o Facebook é a rede social que comanda, foi criada uma página do evento no site, convidamos uma caralhada de gente e começamos a anunciar a festa. Eu acompanhava tudo de longe lá em Hamburgo. Aos poucos a galera foi confirmando presença. Mas quando anunciamos que limitaríamos o número de convidados a 200 em poucos dias atingimos este número.

Agora sabíamos que a festa daria gente. Só faltava comprar as bebidas. Numa tarde de sábado peguei novamente meu trenzinho e cheguei em Braunschweig pra ajudar a turma com os últimos detalhes. Fizemos uma reuniãozinha para definir quem ia ficar trabalhando e se disponibilizaria a rachar tanto os possíveis lucros como os possíveis prejuízos da festa. Eu não ficaria de fora dessa de jeito nenhum. A legião toda estava lá. Os organizadores Poli e Alex, o DJ Gobbi e o resto da turma. Guilherme, Barretão, Kássio, Marcell, Rominho, Rodrigo, César e Barata. Falei o nome de um por um só para dar uma ideia de como a comunidade brasileira em Braunschweig ficou grande. Agora estava tudo pronto. Era só esperar a galera chegar.

E então a turma foi chegando de leve. No início ficamos meio enrolados no bar, mas aos poucos fomos pegando o jeito da coisa. Chegava um cara, pedia uma cervejinha, depois outras três pessoas pedindo vodka com red bull e etc. Mas a grande estrela da noite foi de fato a caipirinha. Mais da metade da turma que chegava no bar pedia caipirinha. Também, como o nosso trunfo era vender bebidas a um preço barato, colocamos cerveja, refrigerante, suco e shots a 1 euro enquanto os long drinks e a caipirinha sairiam por 2 euros. Como europeu é acostumado a pagar pelo menos 5 euros num copo de caipirinha eles agressivaram valendo na nossa caipirinha barata.

Ainda no início da festa sofremos uma baixa no staff. Um colega fez a proeza de ao invés de cortar o limão para a caipirinha cortar o próprio dedo e teve que ser levado para o hospital, mas nada que fosse além de uns quatro ou cinco pontos e uns esparadrapos. O serviço no bar não podia parar. A caipirinha voou num instante e tivemos que dar um jeito de comprar mais algumas garrafas de Pitú. Mas paramos de servir depois que o segundo lote acabou, pois simplesmente não tínhamos quase nada de lucro vendendo um copo de caipirinha a 2 euros.

E o tempo foi passando. Eu fiquei a maior parte do tempo no bar servindo a galera enquanto tentava tomar minha cervejinha e de vez em quando saía para dar uma volta para falar com alguns amigos e ver como estava o andamento da festa. Estava tudo perfeito.

E aos poucos a Pitú foi mostrando seu poder. De repente comecei a ver altas galeras em estado de loucura. Todo mundo muito louco, mas sem brigas ou confusões. Ficou provado que os europeus não aguentam tomar muita cachaça. Teve francês muito louco, italiano muito louco, espanhol, peruano... Até brasileiro de uma turma que havia vindo de Berlin para prestigiar a festa teve que declarar game over. E assim conseguimos cumprir nossa missão. A Festa Brasileira havia sido um sucesso.

O dia amanheceu e finalmente todos haviam ido embora. Apenas os organizadores permaneceram. Eu dei um tempo na cerveja e pulei para o Red Bull pra conseguir enganar o cansaço por um tempo. Só não estávamos contando com o fato de que nosso amigo Poli tinha resolvido comprar uma cama nova para o quarto dele e queria ajuda para transportá-la até o quarto. Então lá fomos nós de nove da manhã a caminhar pela rua falando alto e rindo de qualquer besteira até o endereço do sujeito que estava vendendo a cama. Ajudamos a colocá-la na van e pegamos o caminho de volta para o nosso prédio. Tentamos convencer o cara da van a colocar todo mundo no bagageiro junto com a cama, mas não deu. Tivemos que voltar a pé mesmo.

Chegando no prédio a missão agora era levar uma cama gigante e cabulosa para o sexto andar. E lá fomos nós, cinco machos ainda um pouco sob efeito do álcool a subir seis andares de escadas com a maldita cama. Concluída a missão, me despedi rapidamente da turma e me mandei pra estação para pegar o trem de volta para Hamburgo, pois eu ainda tinha um compromisso importante antes de ir dormir.

O compromisso era uma avaliação física para poder me matricular na academia novamente, afinal eu já estava a quase dois meses parado e precisava retomar o meu preparo físico. No estado em que me encontrava eu pensei que não fosse conseguir fazer sequer 5 minutos de esteira ou 10 repetições de algum exercício. Mas acho que as latinhas de Red Bull me ajudaram nessa hora.

Terminado o compromisso fui reencontrar meus dois amigos num dos parques da cidade. De lá comemos aquele velho Döner para recuperar as energias, voltei para casa, tomei um banho, ainda conversei um pouco com minha mãe no skype e finalmente, depois de pelo menos umas 30 horas acordado, pude ter as minhas preciosas horas de sono. Mas se engana quem pensa que eu fiquei dormindo até meio dia ou mais. Nada disso. Já era segunda. Era hora de trabalhar.

domingo, 17 de abril de 2011

O retorno da chave

O que fazer agora? O óbvio. Ligar para Rodolfo e dizer “E aí meu velho, beleza? Vou lhe contemplar com a oportunidade única de me ter como seu hóspede por uns dias!” E assim foi feito. Me mudeu de mala e mala e mala e mochila (sim, meus bens agora ocupavam o volume de três malas e uma mochila lotadas, apesar de eu só ter duas malas e uma mochila). Apesar de estarmos um pouco cansados, eu, Rodolfo e Marina não poderíamos deixar de curtir umas horinhas na Reeperbahn. E como não tínhamos bebida em nosso estoque, o jeito era beber na rua. E como beber na rua significa gastar mais dinheiro, era preciso saber fazer o investimento certo. O investimento da noite foram dois elefantes (Elephant), uma cervejinha simpática com dez agradáveis níveis percentuais de álcool. No início meus dois amigos estavam reclamando, mas no fim estávamos todos falando bobagem e rindo de qualquer coisa.
Voltando para casa era hora de arrumar minha cama. Um confortável pedacinho de chão coberto por calças jeans e casacos, um travesseiro e eu estava pronto para dormir. Afinal, para quem passou cinco noites num quarto apertado com outros seis machos numa Munique em plena Oktoberfest, eu havia aprendido que em certos momentos você tem que bater no peito e dizer “aqui é chão pai!” E foi chão. Três noites de chão.
Para pagar a minha estadia, nada melhor do que comprar um pouco de comida e fazer um almoço ou um jantarzinho de leve. Já estava até parecendo que éramos uma família, sempre fazendo refeições juntos e jogando conversa fora sobre como foi o meu dia no estágio ou como foi a aula dos dois na faculdade. Mas eu não poderia ficar lá para sempre, eu precisava de um quarto o quanto antes.
E então, depois de muitas tentativas frustradas tentando encontrar um quarto em sites especializados, resolvi entrar em contato com os alojamentos estudantis e procurar saber se havia algum quarto livre. No final havia um disponível até o fim de junho. Era justamente o que eu precisava.
Studentenwohnanlage Kiwitsmoor. Esta seria a minha morada nos próximos meses em Hamburgo. Um simpático alojamento estudantil no coração de uma rua cujo final está localizado na fronteira de Hamburgo com o outro estado da Alemanha. Se alguma vez eu havia falado mal de Barretão por morar na casa do Schunter, eu agora pagaria o preço pela minha judiação. Apenas 25 minutinhos de metrô até o centro da cidade, de onde eu pegaria mais 15 minutos de um segundo trem e mais 5 de um terceiro para chegar no trabalho.
Então na noite em que eu deveria me despedir do confortável chão de Rodolfo, muitas coisas aconteceram. Uma amiga de Braunschweig, Cristina, disse que tinha um ingresso extra para um show que uma banda chamada Belle & Sebastian faria na cidade. Ela perguntou se eu não teria interesse em ir junto e se havia algum lugar no meu quarto para ela dormir. Considerando que agora eu tinha um quarto, aceitei prontamente. Rodolfo e Marina se juntaram a nós e estávamos novamente nos arredores da Reeperbahn numa doite de terça pra curtir um showzinho de leve.
Findado o show, fomos todos para o alojamento para que eu pudesse pegar logo algumas coisas no quarto dele e levar para o meu. Papo vai, papo vem, vejo na internet que o metrô que eu precisava pegar já não estava mais passando. Teríamos então que andar duas estações em quinze minutos para chegar até a outra linha do metrô que me levaria até em casa. Sem condições de fazer o percurso a pé, eu e Cristina pegamos um táxi e chegamos lá a tempo. Agora estava tudo bem. Eu chegaria em casa por volta de uma da manhã e acordaria às quatro e meia para ir trabalhar. Tranquilíssimo, afinal, aqui é chão pai!
Só que o chão era muito mais duro do que eu imaginava. De repente veio à minha memória um “pequeno” detalhe seguido de um belo PU-TA-QUE-PA-RIU expressado com toda a sua sonoridade e enfatisando cada sílaba. Eu havia esquecido a chave do meu quarto no quarto de Rodolfo. Sim, o papai aqui mais uma vez fez uma bela de uma cagada. Cristina olhava para mim perplexa e dizia que ia me matar. Saímos na primeira estação e eu comecei a pensar nas alternativas. Teríamos que esperar meia hora até aparecer um ônibus. No final Cristina decidiu que queria voltar para Braunschweig de madrugada mesmo. Ela só não contava com o fato de que o primeiro trem saída quase às cinco da manhã. Claro que depois de um fora desses eu não podia simplesmente deixá-la esperando na Hauptbahnhof sozinha. Resultado de tudo isso: Passamos quase três horas na McDonald’s da estação sem poder dormir porque lá não era permitido, tentando conversar sobre alguma coisa para tentar fazer o tempo passar mais rápido, apesar do climão chato que ficou depois disso. Enfim chegou a hora da saída do trem. Eu ainda aproveitei para ir com ela até a estação onde ela trocaria de trem para aproveitar uma horinha de sono na ida e outra na volta. Retornando a Hamburgo, liguei para Rodolfo, que agora já estava acordado para ir à faculdade e me abriu as portas do seu quarto para me receber novamente. E aí não teve mais chão que eu aguentasse. Dormi o resto do dia no colchão dele mesmo.

domingo, 10 de abril de 2011

Hamburg - O Retorno

Segunda foi o dia das despedidas. Almocei junto com a turma do Brasil, arrumei minha mala (entenda-se: joguei as coisas dentro até não caber mais), e de noite cheguei em Hamburgo. Grande Hamburg! Nossos destinos se cruzaram novamente. Estávamos unidos desde o início por uma força maior.
Tá, deixando a babação um pouco de lado, lá fui eu carregando minhas duas malas e minha mochila pelo meio da rua. Ainda bem que o WG ficava a menos de dez minutos a pé da estação onde desci. Da última vez essas malas quase me mataram. Mas cheguei inteiro ao WG e fui recebido pelos meus novos colegas, um alemão chamado Marcus e duas alemãs, Franziska e Ann Christine. Batemos um papinho na cozinha enquanto eu comia a sobremesa que eles haviam feito e me despedi dos três cedo (dez e meia) para ir dormir, porque teria que acordar às quatro e meia (da manhã mesmo) para começar o meu estágio.
E o despertador tocou. Aquele sono maravilhoso havia sido interrompido em plena madrugada. Uma madrugada fria e escura, mas que eu precisava enfrentar para estar às seis da manhã em plena fábrica da Stulz e iniciar meus trabalhos. Foi difícil mas eu consegui. Lá estava eu, pronto pro que der e vier. E o que veio nos três primeiros dias foi o trabalho numa das áreas de montagem das máquinas. Passei os dias vendo quatro mecânicos divididos em duas duplas montando as máquinas. Era que nem um quebra cabeça gigante. Máquinas de 1,80 de altura, constituídas e centenas de parafusos, e canos, e estruturas metálicas e etc. Montá-las parecia até interessante, mas ficar só olhando era um saco, e eu passava os dias olhando pras máquinas feito um cachorro olha prum prato de comida só esperando os caras pedirem pra eu ajudar colocando algum parafuso, para pelo menos o tempo passar um pouco mais rápido.
Terminada a primeira semana de estágio, sem conhecer ninguém na cidade, a única opção que me restava era retornar a Braunschweig e passar o final de semana por lá. Apesar de a cidade já estar me entediando um pouco eu senti bastante falta dela. Nada melhor então que uma noite de sexta com uma festa num dos alojamentos de estudantes e muita gente conhecida para animar um pouco, com direito até a uma feijoada no domingo.
Depois era hora de retornar a Hamburgo porque a seman seria de muito trabalho. E a segunda semana não se mostrou muito diferente da primeira, continuei dando uma mãozinha pros mecânicos aqui e ali, de tarde voltava para casa e ter mais uma ou duas horas de sono para compensar o pouco que eu dormia durante as noites, assistia um pouco de tv, conversava sobre alguma casualidade com os meus novos colegas e passava o resto do tempo no computador, à espera do final de semana seguinte.
Agora eu estava pronto para reviver as noites boêmais de Hamburgo. Para isso entrei em contato com um velho amigo, Rodolfo, também recém chegado na cidade e saber qual era a boa da noite. Para começar um warm up no seu alojamento com uma amiga dele, Marina, e os vizinhos de andar do alojamento. Uma cervejinha aqui, um whiskyzinho ali, um pouco de música e um papinho pra conhecer um pouco a galera e então estávamos prontos para a Reeperbahn.
Grande Reeperbahn, velha de guerra. Se ninguém tem ideia do que fazer ou para onde ir, a noite vai sempre acabar lá e ficarão guardados na memória os momentos mais interessantes e divertidos ou histórias engraçadas (do tipo “um dia veio o porto e os tubarões se mudaram). E no sábado também não foi diferente, apenas mudou a galera, mas com os brasileiros sempre juntos. Se em Braunschweig eu vivia rodeado de engenheiros nascidos da Bahia pra baixo, agora estava na companhia de dois estudantes de direito vindos da mesma terra que eu. Enfim, simplesmente não dá para ficar longe dos brasileiros.
A rotina parecia estar começando a se estabelecer (acordar cedo, trabalhar, voltar pra casa, dormir mais um pouco, comer, desperdiçar a vida no computador, comer de novo, dormir), mas só faltava um detalhe. Meu quarto só duraria até o fim do mês. O tempo estava passando rápido e eu simplesmente não conseguia encontrar outro lugar. Todos os quartos que eu visitei neste período (e não foram poucos) tinham algum concorrente pela vaga. Ninguém gostava de mim, ninguém me escolhia e as minhas noites no meu quarto provisório estavam acabando. Gastei horas de metrô indo pra tudo quanto era canto da cidade, batendo papo com os donos dos quartos que estavam sendo oferecidos, tudo pra nada. Numa bela noite de sábado do início de abril eu me encontrava sem teto.

domingo, 27 de março de 2011

Euro Reise: Dublin???

Na viagem dessa vez eu iria com dois dos brasileiros, Barretão e Kássio. Compramos nossas passagens com a até então querida ryanair umas três semanas antes da viagem e estávamos quase prontos para viajar. Digo quase porque Kássio não conseguiu fazer o check in online do trecho Londres/Dublin. A ryanair não tem voos diretos de Bremen para Dublin, então tínhamos que passar por Londres antes. Como eram quatro voos, Kássio acabou comprando a passagem de Londres pra Dublin no horário errado. No que ele tentou alterar o horário da passagem a empresa quis cobrar 25 libras. Levando em conta que a passagem estava custando 15 libras era mais vantajoso comprar uma nova. Foi o que ele fez. Mas depois quando fomos fazer nosso check in pela internet, ele não conseguiu fazer o check in do trecho Londres/Dublin porque ele tinha alterado a passagem e não havia pago as 25 libras que pediam. Achamos então que conseguiríamos resolver essa situação no aeroporto na hora da viagem. E sendo assim deixamos Braunschweig no expresso da meia noite para chegar em Bremen às duas da manhã e ficar batendo papo no Burguer King da Hauptbahnhof, o único lugar aquecido nas proximidades que se encontrava aberto durante a madrugada. Aguardamos duas horas e meia até o primeiro tram para o aeroporto e lá resistimos até o dia amanhecer e embarcamos para Londres com a esperança de solucionar nossa bronca.
Mas como tudo que é barato às vezes pode sair caro, o precinho amigo que a ryanair bota também tem seus perigos. Você não pode bobear e deixar não fazer tudo de acordo com o que a empresa fala que a ryanair vai te cobrar milhões de taxas depois. Ou seja, chegamos no aeroporto de Londres, fomos ao balcão do check in e o funcionário disse que como o check in não tinha sido feito pela internet ele precisaria cobrar uma taxa simbólica de 120 libras. Somente.
Agora nos restava decidir se pagaríamos ou não. Resolvemos ainda usar um computador para checar na internet se havia alguma outra passagem para aquele dia ou pro dia seguinte por um preço mais barato. Não havia. E quando estávamos nos acostumando com a ideia de partilhar este fumo para três pessoas vimos que só faltava meia hora para o nosso voo para Dublin decolar. E precisaríamos enfrentar as filas do check in e da revista de bagagens. Ou seja, corríamos o risco de pagar mais 40 libras cada um e ainda assim perder o voo.
Resultado: Já que estamos nessa cidadezinha mixuruca chamada Londres, o jeito e ficar por aqui mesmo. Foi o que fizemos.
Pros meus colegas seria a primeira vez em Londres, então seria interessante. Já eu também não tinha do que reclamar, afinal não é qualquer um que pode viajar duas vezes pra Londres em um mês. E assim lá fomos nós, pegamos o ônibus para o centro da cidade, fizemos uma busca de última hora por albergues e conseguimos lugar para três noites, só que Kássio num albergue e eu e barretão em outros dois. O mesmo albergue que eu tinha ficado na primeira ocasião tinha quartos disponíveis para a quarta e quinta. Tivemos que arrumar um outro para a sexta.
Na quarta feira então demos uma boa volta pela cidade, revi novamente mais uma vez os pontos turísticos mais conhecidos da cidade, andamos por alguns parques e já de noite fomos comer alguma coisa, tomar um banho e depois tomar uma cerveja no bar do meu albergue, que mais uma vez encontrava-se cheio de gente curtindo uma noite de karaoke. Nem precisa dizer que eu cantei mais uma vez e dei show, da mesma forma que fazia nas quintas do irish pub de braunschweig.
Na quinta acordamos cedo para tomar o café gratís do albergue e ainda voltamos para a cama dormir mais um pouco. Durante a tarde era hora de fazer algumas coisas que eu não havia feito na primeira viagem, como o free tour. Duas horinhas e meia revisitando novamente outra vez alguns dos pontos turísticos e ouvindo algumas historinhas interessantes do guia sobre o mendigo que invadiu o palácio de Buckingham em 1980 e lá vai e bateu um papinho com a rainha, depois ouvir algumas histórias dos reis de séculos passados, de um capitão que lutou numa das maiores batalhas navais da história e após sua vitória, ele, ferido, declarou sua homossexualidade e morreu, e pra fechar com chave de ouro uma história sobre um grupo de “terroristas” que planejou bombardear o Westminster com todos os figurões lá dentro, em 1600 e bolinha e ainda ver uma encenação de como foi que os terroristas morreram com um argentino no papel do terrorista e Kássio no papel de carrasco.
Voltamos novamente ao albergue no fim da tarde, mas já bem cansados. Ainda demos uma volta pelas redondezas e cedinho fomos dormir, porque ainda não estávamos recuperados da madrugada de terça. A sexta foi dedicada à visita aos museus. Visitamos o Museu da Guerra Imperial que contava a história de várias guerras que rolaram por aí, em especial a I e a II mundiais. E no meio da tarde uma nova visita ao British Museum, porque em duas horas (o tempo que eu passei na visita anterior) se brincar não dá nem pra conhecer o museu todo se você andar sem parar para ver as coisas que tem lá. Quando já estava anoitecendo, eu e Barretão nos mudamos para nosso novo albergue e lá pelas onze horas fomos procurar um pub pra tomar uma cervejinha e voltar. Andamos por uma hora e meia e não conseguimos encontrar nada nas redondezas em plena sexta feira. Os pubs menos requintados que conseguimos encontrar já estavam fechados. Voltamos para o albergue com um vazio gigantesco.
Na sábado, nosso último dia, era a vez de fazer uma visita ao Emirates Stadium, vulgo Estádio do Arsenal, o maior clube de Londres. Fomos para lá bem contentes, certo de que faríamos um tour bem legal pelo estádio, melhor até do que o tour no estádio do Liverpool, mas nossa alegria se acabou quando chegamos na bilheteria e o tiozão de lá falou que não estavam vendendo os ingressos para estudantes que havíamos visto anunciado no site. O tour que deveria custar 8 libras terminaria saindo por 15. E como pobre que quer pagar de rico viajando pela Europa, quando chega nas cidades quer economizar ao máximo para poder tomar uma(s) de leve no fim do dia, acabou que nosso tour se resumiu à loja do Arsenal (muito boa por sinal) e uma volta olímpica do lado de fora do estádio. Depois pegamos o rumo da Abbey Road e nos divertimos com a galera atrapalhando os motoristas para tirar fotos atravessando na faixa (exceto um asiático cegueta que tirou foto atravessando fora dela, DUAS VEZES). Encerramos a tarde dando um rolé pelos parques e nos despediríamos de Londres com um pub crawl com o resto do dinheiro que tínhamos economizado.
Na saída do albergue encontramos um sujeito com a camisa do Brasil que tinha acabado de fazer check in (esse albergue q eu fiquei realmente tem sempre um monte de brasileiros). Com ele estava outro cara que disse que estava indo pro pub crawl também e que ia levar um americano que tinha conhecido. E lá fomos nós para o nosso pub crawl. Quatro brasileiros e um americano meio maluco, mas que era gente boa pra caramba (o danado ainda pagou uma cerveja pra gente no cartão corporativo da empresa dele). Já no primeiro pub dei de cara com três sujeitos que tinham toda a pinta de brasileiros. Quando estávamos caminhando na rua para o segundo pub eu falei algo em português bem alto e os caras ouviram. Pronto, eram mais três pra turma. No fim ainda encontramos o primeiro sujeito que estava no albergue com duas amigas e fechamos nossa gangue (com o americano ainda no meio). Daí pra frente foi farra até fecharmos a boate que encerrava o pub crawl. Tá certo que em Londres as coisas fecham cedo, essa boate fechou às 3 e pouca, mas fomos os últimos a sair de todo jeito. Era hora de pegar nosso busão pro aeroporto e de lá um avião pra Bremen e de lá um trem pra Braunschweig. Pronto. Duas da tarde do domingo estávamos na cidade, cansados pra caramba, mas felizes. Era hora então de descansar pra valer porque na segunda eu finalmente me mudaria pra Hamburgo.

terça-feira, 22 de março de 2011

Procura-se quarto - Parte 3

Foram alguns minutos preocupantes. Poucas horas atrás eu tinha um quarto bem legal me esperando em Hamburgo durante o mês de março. Agora eu não tinha nada.
A única esperança era ligar novamente para o cara do outro quarto que eu havia me interessado e dizer que havia rolado uma bronca e que eu ficaria com o quarto dele mesmo. Ele disse que estava tudo bem e que eu poderia ficar com o quarto. Mas depois da surpresa anterior eu fiquei bem apreensivo. Só sosseguei alguns dias depois quando ele me enviou por email o contrato do quarto. Estava tudo certo então. Meu lugarzinho em Hamburgo estava garantido para os próximos dias. Eu já podia relaxar e fazer uma viagem bem divertida para Dublin. Mas ainda antes disso era hora de comemorar o carnaval.
Domingo de carnaval! Que bonito, que alegria, que beleza! Bem, mais ou menos. Pela primeira vez desde que eu cheguei em Braunshcweig um domingo teve vida. Um belo dia de sol, calorzão de 10 graus e o povo na rua indo para o centro ver o desfile de carnaval. Enquanto o povo ficava vendo os carros e pessoas desfilando e jogando bombons, pipocas e chocolates, os brasileiros faziam o que eles melhor sabiam. Bebiam, cantavam e pulavam. No fim da tarde, acabou o desfile e todo mundo voltou para casa. Acabou o carnaval em Braunschweig.
Mas não em Köln. Colônia é a cidade alemã com o carnaval mais famoso e nós não podíamos deixar de conferir. Alugamos um carro e saímos na segunda bem cedinho para percorrer quase 300km até Köln. Uma viagem dessas no Brasil seria bem puxada, mas na Alemanha com suas estradas perfeitas e trechos sem limite de velocidade, a viagem seguiu tranquila. Passamos a maior parte da viagem andando a 140km/h e vendo exemplares de Porsches, Audis, BMWs e até um singular Maseratti passarem por nós simplesmente como se não existíssemos.
Um pouco depois das onze chegamos em Köln. O que se viu então foi mais do mesmo. Mais mesmo. O mesmo desfile, só que maior. As pessoas vendo o desfile, em um número maior. Mais pessoas fantasiadas e nós bebendo mais até o fim da tarde. E então realmente o carnaval acabou. Pegamos a estrava de volta e de meia noite já estávamos novamente em Braunschweig. Agora sim era a hora de se preparar para a viagem de Dublin.


Dublin? Não exatamente. Rolou uma mudança de planos de última hora.