quarta-feira, 21 de março de 2012

Euro Reise - Estocolmo

Pois bem, após todos os infortúnios estava eu finalmente dentro do avião certo, no horário certo, pronto para partir e chegar em Estocolmo com um dia de atraso. Ao chegar no aeroporto, a primeira coisa a fazer era sacar dinheiro, pois eu precisava das estalecas suecas. Uma euro parece-me que era algo em torno de treze estalecas suecas. E como eu estava na Escandinávia, o precinho dos serviços por lá não era dos mais baratos não. Mas o que são algumas centenas de estalecas pra quem já havia gasto 120 libras que não estavam na lista de despesas não é?

Como a nossa querida Ryanair gosta de operar em aeroportos de locais inóspitos eu tive que pegar um busão que levava cerca de uma hora e meia até chegar na cidade propriamente dita. Depois de me cansar de observar as paisagens daquele novo lugar da janela do meu ônibus, eu finalmente cheguei no centro da cidade, e com certa dificuldade, consegui encontrar meus queridos amigos. Estávamos enfim (quase) todos reunidos naquela que deveria ser a nossa última viagem num grupo grande. Na comitiva brasileira estavam presentes Rominho, Gui, Barretão, Alex, Barata. No momento não recordo se Rodrigo estava também.

Eu havia me comunicado com eles enquanto estava no aeroporto de Edimburgo pra explicar o que havia acontecido comigo, e eles comentaram que a cidade estava miada pra caramba. A explicação é que o fim de semana que havíamos escolhido para viajar era um grande feriado na Suécia, para comemorar o início do verão chamado de Mittsommerfest. Pesquisas feitas por meus amigos na internet relatavam grandes festas na cidade, mas quando eles chegaram lá foram informados pelo recepcionista do albergue que o fim de semana escolhido para a prática do "nosso tipo de turismo" era um dos piores, pois a turma aproveitava esse feriado para viajar para o interior do país. Resultado: A turma teve que se contentar com o turismo convencional, haha.

A primeira programação após a minha chegada foi visitar o mundialmente famoso Ice Bar de Estocolmo. Alex, como sempre prestativo, havia reservado um horário para nós nesse bar. Tínhamos direito a tomar uma dose de algum drink especial com a vodka mais querida da Suécia, Absolut e a permanecer por 45 minutos num ambiente a 5 graus negativos trajando um casaquinho simplório. Nada demais para quem havia enfrentado o inverno alemão. Abaixo podemos conferir Alex se divertindo bastante no bar.


O curioso dos drinks é que eles eram servidos em cubos de gelo com um buraco no meio para servir de copo. Algo turisticamente fodástico, hehe. Pena que não podíamos levar o copo pra casa (razões óbvias não é?). Engraçado também é que aqueles que que eram mais narigudos acabaram criando uma pequena curvatura na ponta de seus copos quando encostavam o nariz neles para beber.

Durante a noite saímos pela cidade para tentar encontrar algum lugar movimentado que pudesse admitir uma trupe de brasileiros ávidos por uma farra. Como era um domingo e muitos nativos estavam no interior do país, acabamos não encontrando nenhuma opção interessante, compramos algumas cervejas numa loja de conveniência (detalhe: as cervejas na Suécia têm uma graduação alcoólica menor do que nos outros países) e passamos uma boa parte da noite na frente de uma baía, jogando conversa fora e observando o céu que permaneceu com um tom azul escuro durante a madrugada. Céu azul a noite toda, nunca preto, algo realmente maravilhoso de se ver. Agora era assim porque estávamos praticamente no solstício de verão. Imagina a tensão que é no solstício de inverno. O sol que no verão deve começar a nascer umas três da manhã, no inverno se pondo umas três da tarde. Abaixo tem duas fotos para provar o que eu disse. Detalhe para a segunda foto com um relógio marcando 2:45 da manhã.



Ainda há histórias para se contar sobre o dia seguinte. Mas considerando que eu já deveria estar dormindo, vou ficar por aqui e dar continuidade a história num outro dia. Abraços.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Um dia no aeroporto

Pois bem, eu havia chegado de madrugada no aeroporto de Edimburgo, com horas de antecedência para o meu voo, e pensava que a única coisa que poderia me atrapalhar seria se eu acabasse dormindo além da conta. Considerando a falta de conforto do meu local de repouso e a preocupação em não perder a hora, dá para imaginar que eu não consegui dormir muito bem.

Mas como eu já estava bem acostumado a dormir em estações, aeroportos, trens e aviões eu teria bastante tempo para compensar essas horas mal dormidas num outro momento. O dia estava começando e o aeroporto já estava bem movimentado nas primeiras horas do dia. Como não havia razão para ficar perambulando pelo aeroporto sem rumo, fui logo me dirigir à área de embarque, pois meu voo não demoraria muito a sair. Mostrei a minha passagem, coloquei minha bolsa na esteira da inspeção de bagagens, peguei ela de volta e me encaminhei para meu portão de embarque, onde algumas pessoas já se encontravam na fila para entrarem no avião.

Eis que quando chega a minha vez, a minha tranquilidade recebe um tapa na cara, uma rasteira e uma cusparada. A comissária me informa que como eu não era cidadão da União Europeia eu precisava de um carimbo que deveria ter sido feito no balcão do check in. Sem esse carimbo eu não poderia embarcar. O detalhe é que faltavam cerca de trinta minutos para o avião decolar. Eu não conseguiria pegar esse carimbo a tempo. Implorei para a mulher de todas as formas dizendo que perderia o voo se fosse pegar o carimbo mas não teve jeito. E como o tempo estava passando não tive outra escolha senão tentar arrumar o maldito carimbo.

E nessas horas a Lei de Murphy é implacável. É claro que o meu voo tinha que sair do portão mais distante possível da saída da área de desembarque. Comecei a correr pelo aeroporto com minha mochila pesada nas costas, passando feito um raio por todo mundo até conseguir chegar no balcão. E aí precisei apelar para a boa vontade das pessoas para passar na frente de todos na fila e carimbar minha passagem. Feito isso fui novamente para a área de embarque. Murphy atacou de novo. A minha entrada não foi aceita porque a passagem já havia sido escaneada da outra vez. Voltei mais uma vez para o check in, consegui imprimir outra passagem. Consegui passar pela área de embarque. E aí a maldita segurança aeroportuária britânica apareceu para me atrapalhar mais ainda. Minha bolsa que na primeira vez passou sem problema desta vez foi  contemplada com uma revista minuciosa. O segurança abriu ela e inspecionou cada centímetro dela com toda a calma do mundo, sem nem sequer notar o quanto eu estava agoniado. Finalmente minha bagagem foi liberada e eu tive que retomar a minha corrida pelo terminal. Minhas pernas doíam, o pouco ar que eu conseguia respirar entrava queimando a garganta e eu cheguei ao meu portão de embarque já quase sem forças para encontrá-lo fechado. Ainda usei o pouco de fôlego que me sobrava para pedir às funcionárias que abrissem o portão, mas meu pedido foi negado. Fim de história. Eu havia perdido meu voo.

Sozinho no portão de embarque, com minha bolsa chutada para aliviar uma parte da minha raiva jogada no chão eu me sentei para ao menos recuperar o fôlego. Ainda bem que eu estava muito cansado porque senão era capaz de eu ter feito alguma besteira e complicado ainda mais a minha situação por lá. Depois do descanso era hora de colocar a cabeça no lugar e resolver como eu faria para pegar outro voo.

Caminhando agora sem a menor pressa pelo aeroporto, fui garimpando informações até chegar num dos balcões de serviço da Ryanair onde a funcionária me informou quais eram os voos disponíveis. Para Bremen só havia voo na segunda, mas para Estocolmo pelo menos sairia um no domingo de manhã. Eu ainda podia me encontrar com meus amigos e voltar de lá para a Alemanha tranquilo.

Resultado final das atuações de Murphy: Cento e vinte libras por uma passagem para Estocolmo e mais vinte e quatro horas de espera no aeroporto. Meio que para me flagelar pelo que aconteceu eu passei o resto do dia me alimentando à base de água e biscoito, munido apenas de uma revista de palavras cruzadas em inglês (que era bem mais difícil de resolver do que eu imaginava). Assim esperei o tempo passar dentro do aeroporto, enquanto a uns quilômetros dali os escoceses e outros turistas se aglomeravam na Royal Mile para ver o Príncipe William e sua esposa que haviam acabado de chegar para visitar a cidade. Pelo menos desta vez pude arrumar uns assentos que não tinham braços, permitindo assim que eu pudesse me deitar esticado. Comecei a cochilar. Acordava e voltava a dormir. Repeti estas ações pelo menos umas cinco vezes até que os seguranças do aeroporto começaram a acordar os dorminhocos, pois o domingo já havia chegado. Mais algumas horas e eu poderia finalmente chegar em Estocolmo.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Euro Reise - Edimburgo

Vou tentar cumprir a promessa que fiz a mim mesmo de conseguir terminar as histórias do intercâmbio. Quase deixei este blog morrer, mas não seria justo comigo mesmo simplesmente abandoná-lo sem concluir meus relatos. Então é hora de parar de enrolar e ir ao que interessa.

Pois bem, a última postagem foi sobre Praga, mas cronologicamente eu já relatei o que aconteceu no dia do meu aniversário, e depois de encerrar os festejos rumei para Edimburgo na companhia de Rominho.

Na chegada à cidade eu me impressionei logo com o fato dela ser diferente das demais que eu havia visitado. Nada desse clichê de um rio que corta a cidade, de um ponto central que concentra as atrações turísticas, dentre outras características. Edimburgo se destacava nesse ponto. Seu "centro" é chamado de Cidade Velha e é uma área localizada no alto de um morro, onde se encontra o castelo e várias outras construções centenárias, quiçá milenares.


Descendo o morro em direção ao mar fica a Cidade Nova, que começou a ser planejada depois que o centro começou a ficar pequeno.

Para começar o dia, a melhor opção era sem dúvida o famigerado free tour. Percorrendo as ruas e ladeiras da Cidade Velha, pudemos ouvir algumas histórias de escritores, algumas personalidades, histórias mais aterrorizantes e outras bem curiosas como a do cachorro Bobby, cuja lenda diz que após a morte do seu dono, passou a viver ao lado da sua tumba durante anos até o fim da sua vida, o que lhe garantiu até uma estátua bem fofinha numa das ruas da cidade.

O guia nos apresentou também ao pub onde a autora da série Harry Potter começou a rabiscar as primeiras páginas de sua famosíssima história.

Ao final do tour, retorno ao albergue para um descanso (afinal a maratona de passar a madrugada na hauptbahnhof de Bremen, pra poder de lá seguir para o aeroporto e enfim chegar na cidade é algo deveras cansativo). Durante a noite, a opção não poderia ser outra. Um pub crawl. Uma noite a ser lembrada para sempre na minha vida, pois tive a oportunidade de provar o meu primeiro Scotch Whisky Single Malt em um pub escocês original. Pedi logo dois whiskys diferentes para saboreá-los. O resto da noite acabou regado a cerveja mesmo.


No dia seguinte, uma quinta feira, eu e Rominho nos aventuramos em um tour a dois pela cidade. Visitamos o Scott Monument, uma torre construida em homenagem ao escritor escocês Sir Walter Scott, de onde podíamos subir para ter uma visão panorâmica da cidade e poder apreciar o Castelo de um outro ângulo. Visitamos um morro cujo nome não me recordo (ainda tentei procurar alguma coisa no google, mas não encontrei) de onde pudemos ter mais uma vista legal da cidade e tirar fotos em algumas construções históricas. No fim da tarde ainda deu tempo de visitar o Palácio de Holyroodhouse, vulgo a residência oficial da Rainha quando ela vai pernoitar na cidade. De lá pegamos a Royal Mile em direção à cidade velha, parando a cada minuto para explorar as lojinhas de souvenires.

Durante a noite, acabamos repetindo a dose do Pub Crawl por não termos conseguido nenhuma informação de algum outro lugar que fornecesse entretenimento noturno. E o pub crawl é sempre uma ótima oportunidade pra conhecer uma turma legal e fazer uns brindes. Não posso esquecer de comentar o fato de estar entrando numa boate de onze e meia da noite com o céu ainda azul escuro e sair de lá perto das três da manhã com o céu mais claro do que quando eu havia entrado. Nada como estar em pleno solstício de verão.

De manhã cedo, na sexta, me despedi de Rominho que seguiria para o aeroporto para pegar um voo para Estocolmo e se encontrar com o resto da turma de Braunschweig. Como eu já estava planejando esta viagem antes do pessoal anunciar que queria ir para a Suécia, eu acebei resolvendo minha situação comprando uma passagem para ir no sábado. Portanto eu teria a sexta inteira para explorar a cidade sozinho.

A minha primeira parada não poderia ser em outro lugar, no Museu do Scotch Whisky. Antes de fazer o passeio eu me deixei levar pela loja com alguns exemplares maravilhosos como o Dalmore Candela, que custava a bagatela de 7.500 libras. Um lugar absolutamente fantástico.


E então eu fiz um pequeno passeio num barril acompanhando um vídeo que mostrava o processo de fabricação do whisky. Depois eu e mais alguns turistas fomos para uma sala onde haveria uma pequena degustação. Um especialista nos contou sobre a história do whisky escocês, falando das quatro regiões da Escócia e das peculiaridades dos whiskies de cada região. Fiz a minha escolha pelo whisky de uma delas e me agradou bastante (até porque pra quem está acostumado com os whiskies 8 anos do Brasil, um single malt é a perfeição). Depois da degustação uma visita a uma enorme sala que possui a maior coleção de garrafas de whisky do mundo. E vejam só, ela pertencia a um brasileiro. Um sujeito chamado Claive Vidiz, que chegou a acumular mais de 3 mil garrafas. Sem dúvida eu virei fã dele.


Após este mágico passeio, não me restava mais muito o que ver na Cidade Velha. Decidi então descer o morro em direção ao mar para visitar o porto ou as docas. Foi uma caminhada deveras longa, mas recompensada por uma breve apresentação que os caças da força aérea escocesa estavam realizando. E claro, não podia faltar a foto com o gaitista escocês.

Comentário: essa gaita faz um barulho alto pra cacete!

Encerrei a viagem pegando a minha mochila e matando o tempo em um pub até umas onze da noite, quando peguei o ônibus para o aeroporto. Meu voo só partiria às seis e meia, portanto eu ia ter um tempinho para dormir nos "confortáveis" bancos do aeroporto e em breve estaria em Estocolmo com os meus amigos.

Mas alguns acontecimentos inesperados acabaram por mudar os meus planos...