domingo, 27 de março de 2011

Euro Reise: Dublin???

Na viagem dessa vez eu iria com dois dos brasileiros, Barretão e Kássio. Compramos nossas passagens com a até então querida ryanair umas três semanas antes da viagem e estávamos quase prontos para viajar. Digo quase porque Kássio não conseguiu fazer o check in online do trecho Londres/Dublin. A ryanair não tem voos diretos de Bremen para Dublin, então tínhamos que passar por Londres antes. Como eram quatro voos, Kássio acabou comprando a passagem de Londres pra Dublin no horário errado. No que ele tentou alterar o horário da passagem a empresa quis cobrar 25 libras. Levando em conta que a passagem estava custando 15 libras era mais vantajoso comprar uma nova. Foi o que ele fez. Mas depois quando fomos fazer nosso check in pela internet, ele não conseguiu fazer o check in do trecho Londres/Dublin porque ele tinha alterado a passagem e não havia pago as 25 libras que pediam. Achamos então que conseguiríamos resolver essa situação no aeroporto na hora da viagem. E sendo assim deixamos Braunschweig no expresso da meia noite para chegar em Bremen às duas da manhã e ficar batendo papo no Burguer King da Hauptbahnhof, o único lugar aquecido nas proximidades que se encontrava aberto durante a madrugada. Aguardamos duas horas e meia até o primeiro tram para o aeroporto e lá resistimos até o dia amanhecer e embarcamos para Londres com a esperança de solucionar nossa bronca.
Mas como tudo que é barato às vezes pode sair caro, o precinho amigo que a ryanair bota também tem seus perigos. Você não pode bobear e deixar não fazer tudo de acordo com o que a empresa fala que a ryanair vai te cobrar milhões de taxas depois. Ou seja, chegamos no aeroporto de Londres, fomos ao balcão do check in e o funcionário disse que como o check in não tinha sido feito pela internet ele precisaria cobrar uma taxa simbólica de 120 libras. Somente.
Agora nos restava decidir se pagaríamos ou não. Resolvemos ainda usar um computador para checar na internet se havia alguma outra passagem para aquele dia ou pro dia seguinte por um preço mais barato. Não havia. E quando estávamos nos acostumando com a ideia de partilhar este fumo para três pessoas vimos que só faltava meia hora para o nosso voo para Dublin decolar. E precisaríamos enfrentar as filas do check in e da revista de bagagens. Ou seja, corríamos o risco de pagar mais 40 libras cada um e ainda assim perder o voo.
Resultado: Já que estamos nessa cidadezinha mixuruca chamada Londres, o jeito e ficar por aqui mesmo. Foi o que fizemos.
Pros meus colegas seria a primeira vez em Londres, então seria interessante. Já eu também não tinha do que reclamar, afinal não é qualquer um que pode viajar duas vezes pra Londres em um mês. E assim lá fomos nós, pegamos o ônibus para o centro da cidade, fizemos uma busca de última hora por albergues e conseguimos lugar para três noites, só que Kássio num albergue e eu e barretão em outros dois. O mesmo albergue que eu tinha ficado na primeira ocasião tinha quartos disponíveis para a quarta e quinta. Tivemos que arrumar um outro para a sexta.
Na quarta feira então demos uma boa volta pela cidade, revi novamente mais uma vez os pontos turísticos mais conhecidos da cidade, andamos por alguns parques e já de noite fomos comer alguma coisa, tomar um banho e depois tomar uma cerveja no bar do meu albergue, que mais uma vez encontrava-se cheio de gente curtindo uma noite de karaoke. Nem precisa dizer que eu cantei mais uma vez e dei show, da mesma forma que fazia nas quintas do irish pub de braunschweig.
Na quinta acordamos cedo para tomar o café gratís do albergue e ainda voltamos para a cama dormir mais um pouco. Durante a tarde era hora de fazer algumas coisas que eu não havia feito na primeira viagem, como o free tour. Duas horinhas e meia revisitando novamente outra vez alguns dos pontos turísticos e ouvindo algumas historinhas interessantes do guia sobre o mendigo que invadiu o palácio de Buckingham em 1980 e lá vai e bateu um papinho com a rainha, depois ouvir algumas histórias dos reis de séculos passados, de um capitão que lutou numa das maiores batalhas navais da história e após sua vitória, ele, ferido, declarou sua homossexualidade e morreu, e pra fechar com chave de ouro uma história sobre um grupo de “terroristas” que planejou bombardear o Westminster com todos os figurões lá dentro, em 1600 e bolinha e ainda ver uma encenação de como foi que os terroristas morreram com um argentino no papel do terrorista e Kássio no papel de carrasco.
Voltamos novamente ao albergue no fim da tarde, mas já bem cansados. Ainda demos uma volta pelas redondezas e cedinho fomos dormir, porque ainda não estávamos recuperados da madrugada de terça. A sexta foi dedicada à visita aos museus. Visitamos o Museu da Guerra Imperial que contava a história de várias guerras que rolaram por aí, em especial a I e a II mundiais. E no meio da tarde uma nova visita ao British Museum, porque em duas horas (o tempo que eu passei na visita anterior) se brincar não dá nem pra conhecer o museu todo se você andar sem parar para ver as coisas que tem lá. Quando já estava anoitecendo, eu e Barretão nos mudamos para nosso novo albergue e lá pelas onze horas fomos procurar um pub pra tomar uma cervejinha e voltar. Andamos por uma hora e meia e não conseguimos encontrar nada nas redondezas em plena sexta feira. Os pubs menos requintados que conseguimos encontrar já estavam fechados. Voltamos para o albergue com um vazio gigantesco.
Na sábado, nosso último dia, era a vez de fazer uma visita ao Emirates Stadium, vulgo Estádio do Arsenal, o maior clube de Londres. Fomos para lá bem contentes, certo de que faríamos um tour bem legal pelo estádio, melhor até do que o tour no estádio do Liverpool, mas nossa alegria se acabou quando chegamos na bilheteria e o tiozão de lá falou que não estavam vendendo os ingressos para estudantes que havíamos visto anunciado no site. O tour que deveria custar 8 libras terminaria saindo por 15. E como pobre que quer pagar de rico viajando pela Europa, quando chega nas cidades quer economizar ao máximo para poder tomar uma(s) de leve no fim do dia, acabou que nosso tour se resumiu à loja do Arsenal (muito boa por sinal) e uma volta olímpica do lado de fora do estádio. Depois pegamos o rumo da Abbey Road e nos divertimos com a galera atrapalhando os motoristas para tirar fotos atravessando na faixa (exceto um asiático cegueta que tirou foto atravessando fora dela, DUAS VEZES). Encerramos a tarde dando um rolé pelos parques e nos despediríamos de Londres com um pub crawl com o resto do dinheiro que tínhamos economizado.
Na saída do albergue encontramos um sujeito com a camisa do Brasil que tinha acabado de fazer check in (esse albergue q eu fiquei realmente tem sempre um monte de brasileiros). Com ele estava outro cara que disse que estava indo pro pub crawl também e que ia levar um americano que tinha conhecido. E lá fomos nós para o nosso pub crawl. Quatro brasileiros e um americano meio maluco, mas que era gente boa pra caramba (o danado ainda pagou uma cerveja pra gente no cartão corporativo da empresa dele). Já no primeiro pub dei de cara com três sujeitos que tinham toda a pinta de brasileiros. Quando estávamos caminhando na rua para o segundo pub eu falei algo em português bem alto e os caras ouviram. Pronto, eram mais três pra turma. No fim ainda encontramos o primeiro sujeito que estava no albergue com duas amigas e fechamos nossa gangue (com o americano ainda no meio). Daí pra frente foi farra até fecharmos a boate que encerrava o pub crawl. Tá certo que em Londres as coisas fecham cedo, essa boate fechou às 3 e pouca, mas fomos os últimos a sair de todo jeito. Era hora de pegar nosso busão pro aeroporto e de lá um avião pra Bremen e de lá um trem pra Braunschweig. Pronto. Duas da tarde do domingo estávamos na cidade, cansados pra caramba, mas felizes. Era hora então de descansar pra valer porque na segunda eu finalmente me mudaria pra Hamburgo.

terça-feira, 22 de março de 2011

Procura-se quarto - Parte 3

Foram alguns minutos preocupantes. Poucas horas atrás eu tinha um quarto bem legal me esperando em Hamburgo durante o mês de março. Agora eu não tinha nada.
A única esperança era ligar novamente para o cara do outro quarto que eu havia me interessado e dizer que havia rolado uma bronca e que eu ficaria com o quarto dele mesmo. Ele disse que estava tudo bem e que eu poderia ficar com o quarto. Mas depois da surpresa anterior eu fiquei bem apreensivo. Só sosseguei alguns dias depois quando ele me enviou por email o contrato do quarto. Estava tudo certo então. Meu lugarzinho em Hamburgo estava garantido para os próximos dias. Eu já podia relaxar e fazer uma viagem bem divertida para Dublin. Mas ainda antes disso era hora de comemorar o carnaval.
Domingo de carnaval! Que bonito, que alegria, que beleza! Bem, mais ou menos. Pela primeira vez desde que eu cheguei em Braunshcweig um domingo teve vida. Um belo dia de sol, calorzão de 10 graus e o povo na rua indo para o centro ver o desfile de carnaval. Enquanto o povo ficava vendo os carros e pessoas desfilando e jogando bombons, pipocas e chocolates, os brasileiros faziam o que eles melhor sabiam. Bebiam, cantavam e pulavam. No fim da tarde, acabou o desfile e todo mundo voltou para casa. Acabou o carnaval em Braunschweig.
Mas não em Köln. Colônia é a cidade alemã com o carnaval mais famoso e nós não podíamos deixar de conferir. Alugamos um carro e saímos na segunda bem cedinho para percorrer quase 300km até Köln. Uma viagem dessas no Brasil seria bem puxada, mas na Alemanha com suas estradas perfeitas e trechos sem limite de velocidade, a viagem seguiu tranquila. Passamos a maior parte da viagem andando a 140km/h e vendo exemplares de Porsches, Audis, BMWs e até um singular Maseratti passarem por nós simplesmente como se não existíssemos.
Um pouco depois das onze chegamos em Köln. O que se viu então foi mais do mesmo. Mais mesmo. O mesmo desfile, só que maior. As pessoas vendo o desfile, em um número maior. Mais pessoas fantasiadas e nós bebendo mais até o fim da tarde. E então realmente o carnaval acabou. Pegamos a estrava de volta e de meia noite já estávamos novamente em Braunschweig. Agora sim era a hora de se preparar para a viagem de Dublin.


Dublin? Não exatamente. Rolou uma mudança de planos de última hora.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Procura-se quarto - Parte 2

Agora já era uma quarta feira. Eu estava de viagem marcada para Dublin e precisaria sair de Braunschweig no fim da noite da terça da semana seguinte. Estava em uma situação delicada. Ainda sem ter como ligar do meu celular e pesquisando as melhores opções de quarto. Então me veio a ideia de procurar por um quarto que estivesse disponível somente durante o mês de março. Afinal seria um período menor, então não haveria muitas pessoas interessadas. Já eu por outro lado teria um lugar para dormir durante o resto do mês e enquanto isso procuraria outros quartos disponíveis por um período maior sem precisar ter que fazer o trajeto Braunschweig/Hamburgo que me consumiria muitas horas. Desta forma consegui entrar em contato com três pessoas e agendei as visitas todas para a sexta feira. Agora minhas chances de conseguir um quarto eram bem maiores.
Eu havia programado tudo. Chegaria em Hamburgo às 6:30, visitaria o primeiro quarto, depois seguiria para o segundo por volta das 19:15, para o terceiro lá pelas 20:00 e de 21:00 estaria na Hauptbahnhof pronto para pegar o último trem para Braunschweig.
E então começaram os imprevistos. O sujeito que eu ia visitar por último perguntou se eu podia chegar às 18:00 porque ele tinha um treino de futebol, o que não era possível para mim. Nesse meio tempo mais uma pessoa entrou em contato comigo e disse que eu poderia visitar o apartamento se quisesse. Dessa forma tive que reprogramar as visitas. A primeira visita continuaria às 18:30, a pessoa que tinha me ligado ficaria para as 19:30, o segundo quarto que eu ia visitar passaria a ser o terceiro, lá pelas 20:15 e o último eu visitaria por volta das 21:00. Mais uma vez eu teria que passar a noite em claro em alguma estação de trem.
Deixando esse pequeno detalhe de lado, lá fui eu visitar os quartos. No primeiro fui recebido por uma representante de um studentenwohnheim, que é um local de acomodação de estudantes no estilo do APM onde eu fiquei em Braunschweig. Ela me mostrou o apartamento, o quarto, tudo bem interessante. Havia pelo menos três outros estudantes neste apartamento, mas eu não fazia ideia de quem seriam, pois não havia ninguém no apartamento, e se havia alguém, este estava trancado em seu quarto. Até que o local era interessante, não fosse um pequeno detalhe: era longe pra cacete! Zona sul da zona sul de Hamburgo, enquanto a empresa do meu estágio fica lá na Zona norte. E levando em consideração que Hamburgo é pelo menos umas três vezes maior que Recife dá pra ter uma noção da bronca. Só pra chegar na Hauptbahnhof, de onde eu levo uns 40 minutos para chegar na empresa, eram 15 minutos.
Hora então de visitar o segundo apartamento. Da Hauptbahnhof bastaria eu pegar um metrô para uma determinada estação que eu estaria bem perto do endereço. Como eu estava com pressa e o metrô que eu precisava pegar estava chegando, eu entrei nele sem hesitar. Mais tarde vim descobrir que a estação que eu desceria era uma das últimas. Seriam mais de 20 minutos de viagem. O melhor de tudo foi descobrir logo depois que o metrô fazia uma linha circular e que se eu tivesse pego ele na direção contrária chegaria em 8 minutos.
Passada essa etapa desci na estação indicada e tive dificuldades pra me localizar. Depois de um certo tempo desisti e resolvi perguntar para alguém na rua como eu chegava no tal endereço. O sujeito me explicou que eu tinha que pegar um ônibus. Foi então que eu percebi que na mensagem que eu recebi pelo celular a pessoa dizia para pegar o metrô e depois o ônibus, e eu havia entendido que poderia pegar ou um ou outro. Claro que até chegar na parada certa vi o ônibus que eu queria passar por mim e tive que esperar mais outros 20 minutos. Tive então que ligar para todo mundo e dizer que ia me atrasar.
Depois de conseguir finalmente pegar o ônibus e perder mais uns 15 minutos, cheguei no segundo endereço. O quarto era de um sujeito que iria estagiar em Frankfurt e estava disponível até o fim de maio. Um quarto legal, num apartamento legal, a moça que me apresentou o apartamento também era bem simpática. Já o sujeito que estava com ela ficou o tempo todo de cara amarrada e sem dar uma palavra sequer. Vai ver ficou irritado por eu ter me atrasado. Em todo caso o apartamento era melhor que o primeiro, mas ainda ficava num trajeto bem longo para a empresa.
Indo agora para o terceiro endereço que ficava num local mais centralizado e conhecido, achei que não teria a menor dificuldade em encontrar o apartamento. Ledo engano. Saindo da estação do metrô, segui pela rua que deveria ser onde o prédio ficava. O primeiro prédio do meu lado era o número 33. A numeração aqui é meio diferente, acho que já falei sobre isso. Fui então para o outro lado da rua, onde ficavam alguns prédios empresariais bem grandões. Segui até encontrar o número 4, mas eu não havia visto nenhuma numeração no prédio anterior e este prédio não era residencial. Terminei encontrando a entrada do número 3 que era o que eu estava procurando numa ruazinha ao lado do número 4. Liguei para a pessoa e disse que estava na frente da porta. Poucos minutos depois ela me ligou perguntando se eu estava realmente na frente da porta certa. Daí pra frente foram outros 10 a 15 minutos de ligações e eu andando de um lado para o outro para encontrar o prédio. Finalmente consegui.
A moradora era uma suíça cujo colega de quarto estava indo pra um país africano cujo nome não me lembro agora por umas semanas. O quarto era bem interessante, o apartamento pequeno, mas confortável. A moça era bem simpática e a localização excelente. Sem dúvida era a melhor escolha até agora. Faltava apenas conferir o último quarto.
Liguei uma última vez para o sujeito do último quarto para avisar que estava finalmente chegando. Pelo menos desta vez não houve problema para localizar o prédio porque ficava numa rua do lado do apartamento que eu havia visitado na primeira viagem. Chegando lá conheci o rapaz que estava alugando o quarto. Ele disse que ia viajar com a namorada por algumas semanas e que o quarto estaria disponível até o início de abril. Mais outras três pessoas moravam com ele, só que nenhuma estava ali no momento. Mas tanto o quarto como o apartamento eram bem agradáveis.
Sendo assim fiquei para escolher entre o terceiro e o último apartamento. Ambos tinham boas localizações, mas o da suíça era a melhor localização, além do aluguel ser um pouco mais barato. Como eu não cheguei a conhecer os colegas do sujeito do último apartamento resolvi optar então pelo quarto oferecido pela suíça.
Agora era hora de encarar novamente uma viagem longa e fria de volta para Braunschweig. Mais uma vez tive que passar duas horas e meia em Uelzen num frio miserável tendo apenas uma hora e meia de bateria do meu computador. Tempo usado para assistir novamente um episódio de uma série e ficar jogando copas e paciência spider até a bateria acabar. Às sete da manhã estava finalmente no meu quarto (o quarto do meu amigo para dizer a verdade) pronto para descansar e ligar para o pessoal no dia seguinte.
Ainda antes de dormir tratei de mandar uma mensagem por celular para a pessoa do primeiro apartamento que tinha me pedido uma resposta o mais breve possível. Era cedo demais para ligar e eu é que não ia interromper meu precioso sono lá pras dez da manhã só pra ligar e dizer que não ia ficar no quarto.
Ao acordar no meio da tarde, liguei para a suíça para avisar que ficaria com o quarto que ela estava oferecendo. Ela disse que estava tudo certo e que depois eu entrasse em contato de novo para informar quando eu estaria me mudando. Feito isso liguei para os outros dois que restavam e disse que tinha optado por outro quarto. Ao final de tudo fui para a academia fazer alguns exercícios.
Voltando da academia acesso meu email e me deparo com uma surpresa bem desagradável. A moça veio me pedir mil desculpas e falar que o colega dela tinha entrado em contato com um amigo e já tinha reservado o quarto para ele. Ela não havia lhe falado que eu estava interessado no quarto e nem ele a avisou que estava reservando para um amigo. No final o papai aqui dançou mais uma vez.
A tensão é grande. Aguardem a solução do problema no próximo capítulos.

terça-feira, 15 de março de 2011

Procura-se quarto

Bom, muito tempo se passou, está mais do que na hora de contar as novidades. Sabem como é, depois das provas tive muitas coisas a resolver e pouco tempo para atualizar o blog.
Tá, eu admito, tive tempo pra fazer isso sim, mas resolvi colocar outras coisas como prioridade. Mas isso não vem ao caso. Vamos ao que interesa, obedecendo a ordem cronológica dos fatos.
Como informado na última postagem eu finalmente consegui meu estágio. Então estava tudo bem agora, certo? Claro que não. Afinal eu ainda não tinha um teto para me proteger do frio em Hamburgo. Era hora de pesquisar na internet um quarto disponível para morar. O problema é que Hamburgo é uma cidade cuja concorrência na busca de um quarto é sempre grande. No site que eu pesquisava havia muitas ofertas e eu ainda estava me baseando em vários critérios para escolher um quarto. Pra deixar as coisas um pouco mais divertidas eu resolvi deixar a minha conta bancária bem próxima do zero. Resultado: a operadora do celular foi descontar a fatura na minha conta automaticamente e ao verem que eu não tinha saldo suficiente bloquearam imediatamente o meu telefone. Agora eu precisava usar os telefones dos amigos emprestados para entrar em contato com as pessoas que estavam oferecendo quartos.
Nesse meio tempo era hora de entregar o meu quarto. Hora de tirar tudo aquilo que eu tinha acumulado nos meu cinco meses naquele cantinho. Com muito trabalho fui juntando as roupas, os livros e revistas, louça, comida e todos os demais objetos. Se eu voltasse para Recife nesse dia estaria precisando de duas malas extras. Feita a mudança, arrumei e limpei o quarto todo e entreguei ele novinho em folha para o Hausmeister. Enfim me despedi para sempre do 30621. Meu novo endereço era agora o quarto 20523, junto com meu amigo Kássio, que teria o prazer inenarrável de me ter como hóspede durante uma semana.
Estava então resolvida a situação da minha moradia temporária. Agora eu precisava retomar a pesquisa por um quarto em Hamburgo. Com isso marquei uma visita com um dos contatos que arrumei no site de procura de quartos. Lá fui eu pegar o trem de Braunschweig para Hamburgo. A minha rota favorita aqui na Alemanha. Chegando lá já de noite localizei facilmente o endereço e fui convidado a conhecer o apartamento, o qual era habitado por seis estudantes, três moças e três rapazes, todos estudantes. A turma era bem interessante, pediram pra eu me apresentar, mostraram o apartamento, o quarto, etc, etc. Tudo seria perfeito se não fosse por um problema, ou melhor, sete. Sete outras pessoas estavam interessadas no quarto também e tinham vindo visitá-lo. Eu fiquei lá tentando dar uma de simpático, prestando atenção no que os outros falavam em alemão fingindo estar entendendo tudo. Conversando quando me perguntavam alguma coisa e mostrando ser um sujeito legal.
Quando me dei conta já havia passado da hora de pegar meu trem. O último que saía de Hamburgo e chegava em Braunschweig num horário adequado. Agora eu só tinha a opção de esperar em Hamburgo até umas cinco, seis da manhã pelo primeiro trem e chegar em Braunschweig por volta das nove horas ou sair de 0:30 e chegar lá às 6:30, tendo que ficar durante um período de duas horas numa estação em Uelzen. Preferi optar pela segunda opção. E então passei uma das noites mais frias na Alemanha até agora, tinha levado o computador e tentei escrever alguma coisa durante esse tempo mas estava sem luvas e não demorou para minhas mãos começarem a reclamar. Minha opção então era assistir um episódio de um seriado que consumiria quase toda a minha bateria. Depois disso o computador ainda aguentou uns 15 minutos apenas tocando música e depois disso tive que apelar para o joguinho do celular durante mais uns 40 minutos. Pelo menos cheguei ao nível 50 e zerei o jogo.
No dia seguinte veio a resposta. Depois de tantos “leider” (infelizmente) recebidos pelas empresas para as quais eu mandei meu currículo, agora era hora de receber um “leider” da turma do apartamento. Tinham escolhido outra pessoa. Para encerrar a conversa recebi um “desejamos boa sorte pra você” da mesma forma que as empresas fizeram.
Vou deixar um pouco de suspense no ar para a próxima postagem que virá em breve.