terça-feira, 28 de junho de 2011

Euro Reise - Ibiza, parte 2

Sexta seguimos com nossa jornada de passeio pelas praias e já era possível ver o resultado do sol na pele de alguns companheiros, em especial do argentino Damián que já estava um verdadeiro camarão. Fizemos nosso lanchinho na praia (farofeiro sempre), pulamos de praia em praia tirando fotos, tomando um solzinho e uma cervejinha (cerveja espanhola nem se compara com a alemã), a galera tomou um banhozinho de mar pra refrescar (eu ainda não estava muito afim de entrar na água) e acabamos encerrando a tarde numa praia onde a prática do nudismo era liberada e rolava um mix entre pessoas com roupa de banho e outras totalmente peladonas. Adivinha quem foi que resolveu nos assustar com sua bunda branca... tinha que ser o argentino! Como se já não bastasse ter que aturar o argentino que da cintura pra baixo estava totalmente branco e da cintura pra cima mais vermelho que um pimentão, ele ainda deu uma de doido (sim, ele consegue ser mais doido do que se pode imaginar) e nadou até uma rocha que ficava meio longe da praia e escalou até o topo ) devia ser uns 10 ou 12 metros só pra fazer pose pras fotos da galera que ficou na praia.

Durante a noite era hora de festa de novo. Passamos um tempo na rua dos bares cheia de ingleses e depois fomos para uma boate onde estava rolando uma festa dos estudantes erasmus. Ou seja, a festa era privada. Na base da malandragem brasileira (e argentina) acabou que metade da turma conseguiu entrar e a outra metade não. Lá dentro da boate pelo menos as nacionalidades eram mais mescladas, apesar dos ingleses ainda dominarem o pedaço. O destaque da festa vai para o banho de água que começou lá pelas horas altas da madrugada e inundou o andar mais inferior da boate. Damián, Rodrigo e Kelly se ferraram nessa brincadeira enquanto eu e Rominho ficamos no andar de cima, seguros e (quase) secos.

Sábado rolou mais praia. Desta vez a água já estava numa temperatura um pouco mais agradável e deu pra relaxar tomando um banho de mar e apreciando a paisagem paradisíaca. Relaxar durante a tarde para poder agressivar durante a noite é o que se deve fazer. Para dar um tempo nos sanduíches que comíamos durante nossa farofada, fui com uma parte da turma atrás de um restaurante para matar nosso desejo de comer algum prato de frutos do mar. Terminamos encontrando um local que servia uma Paella por um precinho camarada. Nem precisa dizer que foi a melhor refeição da viagem.

E para fechar a noite tínhamo que visitar uma das boates fodonas de Ibiza. A escolhida foi a Pacha, uma das melhores do mundo. Como ainda não era alta estação não levamos nenhuma facada na hora de comprar os ingressos para a festa. Com os ingressos na mão restava agora fazer o velho warm up na pousada pra todo mundo chegar lá no brilho e não ser estuprado pelos preços das bebidas dentro da Pacha. No final deu tudo certo. Todos se divertiram e pá e num sei o que lá. Apenas nosso amigo Alex acabou se dando mal quando comprou uma cerveja que custava oito euros e dos 50 euros que usou pra pagar, só recebeu dois de volta, pois a bargirl alegou que ele tinha pago com uma nota de dez. Osso.

Domingão foi dia de mazela total, todo mundo acordando tarde, almoçando tarde, fazendo tudo tarde. Depois de comer eu optei por permanecer na pousada deboando enquanto alguns ainda tiveram fôlego para visitar mais uma ou duas praias. A noite foi encerrada na rua dos ingleses novamente. Depois dessas noites nessa rua eu tomei um abuso enorme do sotaque dos ingleses. Eita sotaquezinho de fresco dos infernos.

No último dia, com todos já cansados de praia e festas, a programação foi visitar a cidade velha de Ibiza. Basicamente era um morro cujo topo encontrava-se uma igreja, um pouco mais abaixo um forte e o resto era tomado por casas. Um belo lugar para se ter uma vista geral do mar, do porto e da cidade. Caminhando um pouco aqui,, tirando umas fotos ali, o tempo passou e era quase hora de ir para o aeroporto. Mas ainda dava pra passar uma horinha em uma praia que fosse ali por perto.

Chegando no aeroporto com algum tempo de sobra, eis que um colega (como não era Damián, não revelarei a identidade da pessoa) se dá conta de que havia esquecido de imprimir a passagem  para o voo da volta. (Obs: essa pessoa também não era eu). E a turma da Ryanair cobra a bagatela de 40 euros para imprimir a passagem na hora. Como ele tinha o arquivo no pen drive bastava procurar uma internet house na cidade para ele poder imprimir a passagem. Só que os carros já haviam sido devolvidos para a locadora. Ele não teve dúvida e pegou o primeiro ônibus para a cidade. Os detalhes eram: ele não tinha mais crédito no celular e havia deixado conosco a sua mochila com seu computador e o passaporte. Ou seja, tínhamos que dar um jeito de deixar a mochila com alguém do aeroporto caso ele não voltasse a tempo. Por sorte aos 45 do segundo tempo ele apareceu caminhando como se tivesse todo o tempo do mundo. Passado o susto pudemos enfim retornar para casa tranquilos. O amigo argentino de Damián seguiu com seu mochilão para algum outro país que no momento eu não recordo qual era. A galera pegou o trem para Braunschweig e eu rumei de volta para Hamburgo.

Passei o resto da semana andando pela cidade e pesquisando na internet algum tipo de serviço com o qual pudesse ganhar uma graninha, mas não dei mais sorte. Agora eu já não sabia ao certo o que fazer. Ainda me restavam quase três meses de Alemanha e Hamburgo agora já parecia não ter mais o que me oferecer (em matéria de trabalho). Nesse meio tempo de indecisão recebi novamente a visita da brasileirada de Braunschweig para mais um final de semana da pesada, só que desta vez não ficaríamos até altas horas numa festa na casa do chapéu. Eu precisava mostrar a eles o que era a vida noturna em Hamburgo e não havia outro lugar que não fosse a reeperbahn. No final da noite salvaram-se todos e pudemos deixar mais uma noite roxeda guardada em nossas memórias. Para coroar o fim do mês de maio nada como começar o meu tour de shows de bandas fodonas.  A escolhida para o início do tour foi a banda Beady Eye que para quem não sabe é formada pelos ex-integrantes do Oasis, excetuando-se Noel Gallagher. O local escolhido para a apresentação foi a Grosse Freiheit, nas imediações da reeperbahn, e o show, embora curto, foi genial. Fiquei a poucos metros do grande Liam Gallagher, uma das lendas do rock dos anos 90. Um verdadeiro ícone. Um sujeito que é pop porque é chato pra cacete. O cara passa o show todo parado fazendo cara de irritado e pose de soldado e ainda sim consegue ser idolatrado, mas ele merece. Afinal, ele é Liam Gallagher. E assim eu encerrei mais uma noite memorável em Hamburgo.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Deutsche Reise - Ibiza, parte 1

A minha jornada na Stulz havia finalmente chegado ao fim. Foram dois meses puxados, mas bem interessantes. Apesar de eu não ter tido condições de executar tarefas e projetos mais complexos pude aprender bastante sobre o dia a dia da empresa e como os departamentos trabalham e se interrelacionam. E ainda tive a oportunidade de praticar o idioma por oito horas diárias. Gostaria de mandar meus agradecimentos para meu cunhado Ernesto pela oportunidade que me foi dada e dizer que foi uma experiência única que ajudou no meu desenvolvimento profissional e que com certeza me trará outros benefícios no futuro.

Encerrei meu contrato na quarta feira, agradeci ao pessoal mais próximo pela oportunidade e o tempo dedicados a mim, almocei e fui imediatamente para a Hauptbahnhof pegar um trem para Bremen. Lá haveria um avião me esperando no aeroporto para me levar a Ibiza, além de um pequeno grupo composto por outras onze pessoas. Sete brasileiros, Guilherme, Barretão, Rominho, Rodrigo, Alex, Kelly e Serjão (um tiozão muito engraçado que era professor do Cefet do Rio e estava fazendo um mestrado (ou doutorado, não lembro exatamente qual) em Braunschweig e havia conhecido o pessoal sabe-se lá como. Para completar o grupo havia nosso amigo alemão Christoph, uma espanhola, Marina e o nosso argentino favorito Damián e um amigo argentino dele Pablo.

Ibiza, nunca imaginei que estaria lá tão cedo. A Ryanair estava me dando a chance única de conhecer essa maravilhosa ilha por apenas 60 euros. Quando a turma me informou sobre esta viagem e eu constatei que a data coincidia exatamente com o dia em que eu encerraria meu estágio eu não pensei duas vezes, entrei na internet e comprei minha passagem imediatamente. Desta vez não tive nenhum imprevisto com a Ryanair, tudo ocorreu sem nenhum tipo de problema.

Não tivemos problema nenhum com a Ryanair. Já com a locadora de carros a história foi bem diferente. Para cada carro eles pediam um depósito de 500 euros para servir como caução, como eram três carros, precisavamos pagar 1500 euros. Só que cada carro tinha que estar registrado no nome de uma pessoa e esta pessoa teria que ter os 500 euros disponíveis em sua conta. Somente Damián e Alex tinham condições de ficarem responsáveis por um carro. Os demais ou estavam sem carteira de motorista ou não tinham a quantia necessária. Como eu tinha a carteira e o dinheiro me ofereci para colocar o terceiro carro no meu nome. Só que a funcionária da companhia disse que com 18 anos era permitido dirigir, mas a locadora só registrava o carro para pessoas a partir de 22 anos. Nunca imaginei que com 21 eu fosse me sentir um moleque.

No fim das contas tivemos que ficar apenas com dois carros mesmo. Não parecia ser um grande problema. Considerando que era uma ilha podíamos usar um dos carros para fazer duas viagens sempre que quiséssemos ir para algum lugar. Não seria tão demorado assim.

Só que a tal da ilha não era uma ilhazinha qualquer não. Era muito maior do que eu imaginava. No caminho para nosso albergue não vimos um sinal sequer do mar, só montanhas. Outra coisa que pudemos constatar também foi que Damián era um péssimo motorista. Ele tentava se guiar através do GPS de Christoph, mas isso só atrapalhava. Já no dia seguinte descartamos o GPS, pois havia placas em todos os cantos para nos indicar os caminhos que deveríamos seguir. Agora quando eu quiser reclamar de alguém no trânsito, ao invés de dizer que a pessoa tirou carteira na paraíba vou dizer que tirou na Argentina.

O nosso albergue na verdade era mais uma pousada do que um albergue. Quartos bem confortáveis, toalhas em cima da cama como num hotel, camareiras todos os dias para dar um trato no quarto, tudo a um preço bem camarada. Havíamos tido sorte com a nossa habitação. Mas sabíamos que Ibiza não era nem de perto um lugar barato, então tínhamos que economizar onde fosse possível. E uma das formas de economizar era comprando no supermercado a comida do café da manhã e dos lanches.

Primeira manhã em Ibiza, hora de pegar o mapa (daqueles de papel mesmo, nada de gps fajuto), decidir para qual praia iríamos e então subir as montanhas. As estradas eram totalmente conservadas, mas era um tal de sobe e desce, curva pra esquerda e pra direita o tempo todo. Acho que ninguém esperava que a ilha fosse ser tão grande assim. Chegamos na primeira praia, tiramos algumas fotos aqui e ali, e quando eu botei o pé na água... medo! Gelada pra caramba! Resolvi que era melhor ficar só de boa, apreciando a paisagem, até porque eu ainda não tinha passado protetor e não estava afim de virar um camarão já no primeiro dia de praia. Mas os outros não pareceram se importar muito com isso. Depois de um banhozinho no mar e algumas fotos, pegamos a comida no carro, procuramos uma sombra e fizemos aquela velha farofada. Pão, presunto, queijo, frutas, água, suco, tudo o que um bom café da manhã precisa ter. Não preciso nem dizer que eu me empanturrei de pão, hehe.

Só que já nessa primeira parada rolou um pequeno acidente. Nosso querido tio Serjão caiu de uma pedra, deu uma ralada na perna e teve alguma bronca com o joelho. Ainda tivemos tempo de seguir para uma outra praia (também com a água geladinha) e deboar mais um pouco. Depois tivemos que passar numa farmácia, comprar uns remédios pra Serjão e alugar um par de muletas para o mais novo aleijadinho do pedaço.

Chegando a noite, era hora de começar os preparativos das fiestas. Como era uma quinta feira e a alta temporada ainda não havia começado nenhum dos nightclubs fodões de ibiza abriria nesta noite. Nossa opção era passear pela cidadezinha de San Antoni onde estávamos hospedados. Logo encontramos a rua dos bares e boates onde se concentrava a grande maioria da galera que estava na cidade. E o que vimos foi uma verdadeira invasão britânica. O que tinha de inglês nessa rua chegava a ser irritante. E a turma fica do lado de fora dos bares chamando o povo que está na rua para entrar. Abordavam a gente com aquele sotaquezinho cabuloso e falando feito retardados (hey guys... here...two beers...pay one...nice... yeah!). E quando entrávamos nos estabelecimentos a maioria estava praticamente vazia. O grande momento da noite foi protagonizado por duas piriguetes que encenaram uma luta livre no meio da rua. A melhor parte da noite foi que eu acabei não gastando dinheiro com bebida na rua.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Fim do novo emprego e Hafengeburtstag

E a vida em Hamburgo seguiu seu rumo, fui conhecendo algumas pessoas novas com o tempo, continuei meu trabalho na firma e agora estava bastante animado com o novo serviço no restaurante dos americanos. Meu trabalho era o trabalho de qualquer garçom comum. Anotava os pedidos dos clientes, repassava para a cozinha, servia as bebidas e as comidas quando estava tudo pronto.

Um detalhe interessante era o cardápio do estabelecimento. Na primeira página estava escrito algo do tipo “hambúrgeres não são feitos para serem comidos com garfo e faca, então por favor, ao menos se esforce um pouquinho para tentar comer o maldito hambúrguer com as mãos!”. O detalhe é que não era um hamburguerzinho desses que a gente encontra na maioria das lanchonetes. Eram hambúrgueres de 250g que eles colocavam dentro de um pãozinho minúsculo. Coisa de americano mesmo. Tive a oportunidade de provar um dos hambúrgueres duas vezes no final do turno de trabalho.

Parecia o trabalho dos sonhos. Como o restaurante ainda não estava recebendo muitos clientes, era possível revezar os dias de quem ia trabalhar ou não. Então eu não teria problemas para viajar para Ibiza. Só que o meu sonho não durou muito tempo. Depois de trabalhar por cinco noites e lucrar aproximadamente 200 euros, Tim veio me dizer que o movimento ainda estava baixo e ele não precisava de tanta gente trabalhando como garçom no momento. E nessa hora a minha  falta de experiência falou mais alto. Ele me disse que eu ficava meio travado na hora de atender os clientes, que não me comunicava com muita clareza e isso dificultava um pouco as coisas. No final das contas, ele não ia mais precisar de mim. Agora eu realmente tinha todo o tempo do mundo para viajar para Ibiza.

Depois dessa pequena decepção só me restava tentar voltar a procurar algum tipo de serviço. Só que eu não ia fazer isso durante um fim de semana. Fim de semana é o momento de tirar as preocupações da cabeça. E este seria um fim de semana bem especial porque desta vez era a turma de Braunschweig que viria para Hamburgo.

Enquanto uma parte do pessoal viajou para Praga, a outra parte resolveu ir para Hamburgo para aproveitar as comemorações do aniversário do porto. Uma caravana enorme havia vindo de Braunschweig para passar o dia em Hamburgo e retornar cedinho no domingo. Mas como eu era agora residente de lá, ofereci com muito prazer os metros quadrados de chão do meu quarto para a visita de Rominho, Rodrigo, César e Kássio.

No início da tarde fomos para o porto, que estava lotado de gente. O rio Elba estava tomado por barcos, navios, iate e qualquer outra coisa que flutuasse, uma verdadeira festa alemã com direito a várias barraquinhas de cerveja, comida, jogos e outras coisas que os alemãs adoram. Nos encontramos com nosso mascote argentino Damián que estava com um grupo de espanhóis. Depois do passeio pelo porto nos encontramos com Rodolfo e Marina e fomos todos para um parque relaxar até o sol se por.

Mas no final não houve nada de relaxante no passeio pelo parque. Encontramos uma outra turma e alguém dessa turma tinha uma bola. Era só o que precisávamos. Uma parte do grupo passou o resto do tempo jogando uma pelada daquelas bem peladeiras mesmo enquanto a outra parte ficou batendo papo sentada na grama. Eu fiquei na parte dos peladeiros, afinal, eu ainda não havia jogado futebol desde que chegara na Alemanha. Não preciso nem entrar muito em detalhes sobre a pelada, pois quem me conhece sabe o nível do meu futebol. Depois de muito tempo consegui acertar um belo chute e fazer a bola ir parar num lago que estava bem longe do campo. Sinal de que era hora de irmos embora. Kássio foi resgatar a bola e nós resolvemos encerrar o jogo.

Era hora então de reunir a cambada para voltar para casa, jantar e começar os preparativos para a noite de Hamburgo. Fizemos uma macarronada, compramos vodka, tomamos banho e iniciamos os trabalhos. E considerando que eu moro bem pertinho do centro da cidade, todas essas etapas nos consumiram bastante tempo. Quando chegamos nos arredores da Reeperbahn já era cerca de meia noite.

Encontramos Damián e sua turma, que haviam tomado outro destino, e lhes entregamos alguns packs de cerveja que eles tinham encomendado. Só que na Reeperbahn não era permitido caminhar com garrafas de vidro, então eles precisariam beber em outro lugar. Nisso Rodolfo havia me ligado avisando que rolaria uma festa de um amigo de um amigo dele e todos eram bem vindos. Não precisou falar duas vezes, lá fomos nós, um grupo de cerca de 15 pessoas para invadir a festa do maluco. A ideia era ficar lá bebendo até umas duas da manhã e depois voltar para a Reeperbahn. Bem, ficou só na intenção mesmo.

Acabou que todo mundo curtiu demais a tal da festa, fomos ficando, ficando, ficando... e levando em consideração o grupo grande que estávamos, reunir todo mundo para ir embora foi uma tarefa complicadíssima. No final das contas acabamos chegando na Reeperbahn perto das seis da manhã. Aproveitei para dar um pulinho na McDonald’s e comprar aquele velho cheeseburguer-anti-qualquer-bebedeira e renovei minhas energias. Nesse trajeto o grupo se dividiu em vários outros grupos menores e eu acabei encerrando a noite (que agora já era dia) no Fischmarkt com os outros sobreviventes. No final das contas a Reeperbahn que era o motivo principal da vinda do pessoal para Hamburgo foi totalmente esquecida. Depois de reencontrar alguns dos outros intercambistas de Braunschweig que tinham ido passar o dia em Hamburgo também e bater um papo com eles era finalmente hora de voltar para casa. Reuní Rodrigo e Kássio que eram os dois que estavam por perto naquela hora e fomos encarar a longa viagem de metrô para casa. Chegamos em casa sem qualquer notícia de Rominho ou de César, mas quando estávamos prestes a dormir Rominho ligou dizendo que havia dormido no metrô no caminho para casa, chegado até o ponto final e feito o percurso contrário para voltar ao centro, mas que estava quase chegando em casa. Com o sono que eu estava tudo o que eu disse foi “eu não me levanto pra abrir a porta pra ninguém, um de vocês dois vai fazer isso” e apaguei.

O domingo já começou com aquela cara de domingo. Todo mundo morto, meio lento, sem conseguir raciocinar direito. Aos poucos fomos retornando ao nosso estado normal e começaram a surgir comentários e histórias de tudo o que havia acontecido na noite anterior. Para preservar a reputação dos meus colegas (e a minha) não entrarei em detalhes sobre o que aconteceu. Talvez eu fale disso pra quem estiver interessado quando voltar para Recife. E assim havia terminado mais um fim de semana. A turma voltou para Braunschweig e só me restava descansar mais um pouco para recuperar as energias e me preparar para meus três últimos dias de trabalho.