sábado, 15 de janeiro de 2011

Liverpool

Eis que então mais um ano começou, junto com os planos para novas viagens. Antes mesmo de darmos um passeio em algumas cidades da Alemanha eu estava de bobeira no site da Ryanair quando resolvi pesquisar o preço de uma passagem para Liverpool. Para a minha grata surpresa descobri uma bela promoção. Uma passagem de Bremen para Liverpool estava custando a fortuna de 4 (isso mesmo, quatro) euros. A passagem de volta também custava o mesmo preço.

Sem perder mais tempo tratei de comunicar os colegas de viagem e todos toparam encarar essa parada. Pesquisamos um albergue a um preço acessível e fechamos a viagem. No final, adicionando uma taxa aqui e outra ali, o valor total da ida e da volta de avião ficou por 18 euros. Com tudo confirmado, restava apenas esperar o dia da viagem, certo?

Não exatamente, era uma boa ideia fazer uma pesquisa e descobrir o que a cidade tinha de interessante a oferecer. Afinal, na viagem anterior eram cinco cidades e apenas um dia em cada, então nos resumimos apenas a caminhar muito, tirar fotos, beber e comer. Desta vez teríamos dois dias numa cidade, portanto seria interessante chegar lá com um bom planejamento. Terminamos descobrindo até mais coisas do que o necessário, tamanha a quantidade de atrações que existem por lá.

Agora estava tudo pronto. Na quinta feira de manhã tratamos de pegar nosso trem de Braunschweig em direção a Bremen (desta vez não mais para conhecer, só para passar pelo caminho até o aeroporto). Chegamos lá e descobrimos que a Ryanair opera numa área exclusiva. Em Bremen eles simplesmente têm um galpão com todo o equipamento necessário para a companhia aérea. Não estaria exagerando se dissesse que metade das pessoas presentes no aeroporto naquele momento estavam no galpão da Ryanair (incluindo funcionários).

E a Ryanair superou nossas expectativas. Aviões bem conservados, assentos relativamente confortáveis, e o melhor de tudo, eles não atrasam! Voo saindo e chegando na horinha, tanto na ida como na volta. Certamente a Ryanair me verá muitas vezes ainda esse ano.

Mas voltando ao tema principal, estávamos em Liverpool. Tudo conspirava a favor da cidade. A primeira vantagem era simplesmente o fato das pessoas falarem inglês! Uma maravilha. Poder entender tudo que as pessoas falavam e o que precisássemos ler. Passamos tranquilamente pela alfândega e pegamos um ônibus para o centro da cidade. A primeira coisa que notamos de interessante não poderia ser outra, o motorista estava do lado direito do veículo. Ele dirigia do lado esquerdo da pista como se isso fosse a coisa mais normal do mundo! Mais tarde ao caminharmos pelas ruas da cidade de vez em quando tomávamos um susto ao ver alguém descendo do carro pelo lado esquerdo e o carro seguir viagem como se estivesse sem motorista. E alguns fatos curiosos eram que em vários pontos das ruas onde os pedestres atravessavam encontrava-se escrito no asfalto "look left" ou "look right", para que ninguém se confundisse. Os ingleses ainda tiveram a consideração de colocar os semáforos de pedestre paralelos às ruas ao invés de perpendiculares. Só no último dia de viagem é que nos demos conta de que o semáforo ficava paralelo para nos indicar em que direção os carros estavam vindo.

Como chegamos no meio da tarde e tivemos que realizar o check in no albergue, não tivemos tempo de visitar algum lugar interessante da cidade, pois muitas atrações encerravam às cinco da tarde. Então demos aquela velha caminhada, fizemos um lanchinho na pizza hut (comemos pizza de verdade, e não pizza de turco que bota o queijo em cima dos outros ingredientes) e voltamos para o albergue para nos arrumarmos para a grande noite. A noite do Cavern Club!

Para aqueles que ainda não sabem, o Cavern Club ficou mundialmente famoso após um grupo de sujeitos nomeados de Beatles começarem a fazer um sucesso mundial. Como grande beatlemaníaco que sou, era obrigação minha visitar esse local, da mesma forma que um mulçumano precisa visitar Meca. E uma frase escrita entre os azulejos do banheiro resumiu a minha sensação de estar naquele local: remember where you are, music was born here.

Eu estava no lugar. O lugar onde quatro sujeitos começaram a mudar o mundo por completo há mais de cinquenta anos. Foi sem dúvida uma noite inesquecível, celebrada por uma excelente banda cover, um público animadíssimo e duas cervejinhas para fechar o pacote, hehe.

Na manhã seguinte, em plena sexta feira, acordamos durante uma nevasca. Não havia praticamente nenhum vestígio de neve na cidade quando chegamos no dia anterior e lá estava ela de novo nos seguindo. Já que estava nevando, nada melhor do que entrar num local fechado para nos abrigarmos. Então visitamos um museu. Liverpool estava repleta de museus, e o melhor, em muitos deles a entrada era franca. Escolhemos então o World Museum Liverpool que ficava perto do albergue para passar um tempinho. Um belo museu repleto de salas com várias temáticas. Dentre elas, o mundo aquático, o corpo humano, o mundo dos insetos, as civilizações antigas, os dinossauros, o espaço, etc.

Terminamos gastando mais tempo do que o previsto no museu, então era hora de se apressar e pegar um busão em direção a Anfield Road, para visitar o estádio de um simplório clubinho local denominado Liverpool FC. E dessa vez nada de pirangagem. Queríamos fazer um tour completo pelo estádio. Começamos pelo museu, conheçemos a história da fundação do clube, as conquistas e etc, com uma ênfase praticamente exlcusiva para a grande conquista da Champions League de 2005, num jogo que segundo eles foi o maior jogo da história do clube, após se sagrarem vencedores na disputa de pênaltis contra o também simplório Milan, após encerrarem o primeiro tempo do jogo perdendo por 3 a zero. Com direito até a uma pequena sala de cinema onde encontrava-se em cartaz o DVD da história dessa conquista.

Depois da visita ao museu, tivemos nossa visita guiada, onde fomos apresentados às áreas vips do clube, pudemos nos sentar nas cadeiras especiais frequentadas somente pelos figurões, sentimos o frio que faz ali (não sei como os torcedores aguentam passar mais de duas horas tomando vento frio na cara durante o inverno), visitamos a sala de imprensa (pequenininha por sinal), os vestiários, etc, etc. Sem dúvida valeu a pena.

Agora então era hora de voltar para o centro e dar continuidade à overdose de Beatles. Era hora de visitar o Beatles Museum. Um local bastante emblemático que conta toda a trajetória do grupo através de fotos, textos e cenários reproduzidos de uma maneira sensacional. Uma das alas reproduzia o próprio Cavern Club e era exatamente idêntica ao local onde eu havia estado na noite anterior.

Então, ao final da visita, já eram seis da tarde (ou melhor, noite), a neve que havia cessado durante nossa visita ao estádio do Liverpool agora havia virado chuva. Uma noite bem chuvosa. Como não havia mais nada a se fazer por hora, regressamos e descansamos um pouco para a saída da noite.

E dessa vez, graças a Deus, acertamos na escolha da balada. Demos uma volta pela região da cidade onde ficavam agrupados vários bares e boates, ainda fomos abordados por uma moça que nos levou a um local suspeitamente gay e do qual fugimos imediatamente e nos estabelecemos numa boate bastante agradável onde pudemos apreciar muita vodka com red bull em preço promocional e trocar umas ideias com as nativas. Nessa noite pude fazer duas constatações: Liverpool possui muito mais piriguetes do que as cidades da Alemanha que visitei, e que eu vou sofrer muito pra conseguir conversar em alemão com alguém numa boate com som alto, uma vez que nem conversando inglês eu conseguia entender direito o que falavam comigo. No final, foi mais uma noite muito bem aproveitada.

No sábado era hora de encerrar nossa viagem. Uma pena que havia tantos lugares a se visitar e não tínhamos muito mais do que três horas antes de seguir para o aeroporto. Para a nossa surpresa, fomos agraciados com um belo dia de sol (o que não quer dizer que não estava frio). A melhor opção então era fazer um passeiozinho de barco ao longo do rio Mersey e poder avistar a cidade sob um ângulo diferente. E que belo ângulo. A cidade vista do rio é maravilhosa. O passeio foi mais uma escolha acertada numa viagem onde tudo deu certo. Desta vez acertamos legal. Liverpool sem dúvida vai deixou ótimas lembranças e muitas saudades.

E nada melhor do que uma outra grande viagem para manter o ritmo. Amsterdam está vindo aí...

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