quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Deutsche Reise

Bom, preparem-se para mais um texto gigante que eu achei melhor colocar uma postagem só falando sobre toda a viagem, então respirem fundo e separem uns dez a quinze minutos.

Chegamos em Bremen e já estava começando a escurecer. E olhem que eram somente quatro da tarde. A primeira tarefa era encontrar nosso albergue. Eu tinha olhado os mapas das cidades e anotado as rotas para cada um dos albergues, mas tivemos algumas dificuldades para nos localizarmos, principalmente porque muitas das placas com os nomes das ruas estavam cobertas de neve. Tinha muita, muita neve em Bremen.
Depois de um tempo, finalmente conseguimos localizar nosso albergue. Tivemos um pequeno descanso, tomamos banho, comemos alguma coisa e fomos dar uma volta na cidade. Como não sabíamos ao certo o que fazer ou para onde ir acabamos indo ao centro para visitar o Weihnachtsmarkt. Um pouco mais tarde fomos procurar o pub onde Fred estava trabalhando. Pelo tamanho da entrada ninguém dava nada pelo lugar, mas quando entramos, era bem grandinho, muito maior do que qualquer bar que eu já tivesse entrado em Braunschweig. E por ali ficamos até perto de meia noite, fazendo rodízio de cervejas, escutando uma boa música e observando o ambiente descontraído.
No dia seguinte, um sábado, tomamos um belo café e decidimos modificar um pouco a programação da viagem. Estava planejado que seguiríamos para a cidade seguinte logo pela manhã, mas como não tínhamos visto muita coisa de Bremen, resolvemos passar o dia por lá até ficar perto da hora de anoitecer para irmos à cidade seguinte, e assim por diante. Demos outra volta pela cidade, visitamos o estádio e o museu do Werder Bremen, fizemos uma caminhada pela beira rio, vendo criancinhas deslizando de trenó pelas colinas, e aproveitamos a grande quantidade de neve para realizar uma das nossas tarefas necessárias, fazer anjos de neve. Após ficarmos bem gelados e com as calças molhadas era hora de seguir para Köln.
Algumas horas de trem e pouco depois estávamos em Köln. Saindo da Hauptbahnhof demos logo de cara com a catedral da cidade, seu cartão postal mais famoso e ficamos embasbacados com o seu tamanho e sua imponência. Já havia anoitecido e precisávamos procurar nosso albergue. Mais uma vez tivemos um pouco de dificuldade para localizá-lo, embora ele estivesse bem perto da Hauptbahnhof. O problema foi que o googlemaps indicou uma rota que arrodeava a Hauptbahnhof todinha, aparentemente era a rota para carros. Assim que encontramos o albergue descobrimos que tínhamos dado uma volta gigante sem necessidade.
Era hora então de descansar mais um pouco e se preparar para dar uma boa saída, afinal era sábado. Procuramos na internet alguns bares e boates e acabamos achando um lugar que parecia ter uma festa bem interessante. Saímos do albergue, demos uma volta por um dos Weihnachtsmarkt que ficava bem perto do albergue, depois seguimos passeando pelo centro, encontramos umas ruas que tinham uns bares bem simpáticos e entramos num deles, cheio pra caramba e com uma atmosfera dominada pela fumaça e o cheiro de cigarro.
Quando ficou mais tarde era hora de seguir para a tal boate. Chegamos lá perto de meia noite, quando começou a cair uma bela nevasca. Não tínhamos outra escolha senão entrar logo no local. Pagamos seis euros e ganhamos um copinho de glühwein (se eu ainda não falei o que é isso, é um vinho bem quente ruim como qualquer outro vinho). Lá dentro, vazio. Seis, sete pessoas no máximo. Mas ainda era cedo, talvez por volta de uma da manhã ficasse mais interessante. E aos poucos a galera foi chegando. Um macho, dois machos, três, cinco, dez, uma mulher! Mais dois machos, cinco machos, outra mulher! Mais dois machos, cinco, dez, uma mulher macho! Mulher macho? Esses caras são machos mesmo? É cada um mais estranho que o outro. Aos poucos começamos a ficar desconfiados, alguma coisa ali estava muito errada. Só aparecia macho, e machos muito suspeitos. De repente o local estava razoavelmente cheio e só conseguíamos contar seis ou sete mulheres (excluindo-se as atendentes do bar), sendo metade delas do mais macho que a gente.
Velho, não podia ser outra coisa. Estávamos numa festa gay! (Como eu nunca fui pra metrópole demorou um bom tempo até cair a ficha). A porra do folder que falava da festa não informava nada sobre ser uma festa gay! Estávamos numa fria, literalmente. Depois de confabularmos por mais alguns instantes se aquilo era mesmo uma festa gay, Guilherme resolveu perguntar para uma das atendentes e ela confirmou. Mas a boate não era uma boate gay, apenas a festa daquela noite que era. Sensacional! Uma cidade com milhares de lugares para se ir, fomos para justamente num lugar na noite de uma festa gay!
Voltamos correndo para o albergue ainda incrédulos devido a tamanha má sorte. Por um lado foi bom porque não iríamos dormir tão tarde e poderíamos acordar cedo para aproveitar o dia. Dia esse que viria a ser o mais cansativo de toda a viagem, senão da minha vida.
Acordamos, tomamos café na Hauptbahnhof (já que o café do albergue era muito caro e as coisas na Alemanha não funcionam nos domingos) e seguimos novamente para a catedral (ainda embasbacados pelo tamanho do monumento). Passamos um tempinho do lado de dentro onde estava havendo alguma celebração e depois procuramos a entrada das escadarias para chegar ao topo da catedral. Dizia um dos informativos que para se chegar a uma das torres da catedral, que ficava a uns 130 metros de altura, era necessário subir 509 degraus. Era hora de pagarmos por nossos pecados.
Aos poucos fomos subindo, subindo, subiiiindo... até que enfim chegamos lá no topo e pudemos contemplar a cidade em seus tons de branco e cinza. Passamos um tempo observando a paisagem e então lá fomos nós descer os 509 degraus. Depois disso passeamos um pouco mais pela cidade, atravessamos algumas pontes (riozinho largo esse Reno), tiramos fotos, fizemos guerra de neve, etc, etc, até que enfim fomos vencidos pelo cansaço e pegamos nossas malas no albergue e partimos em direção a Dortmund, ainda sem a menor idéia do que ainda nos esperava naquela noite.
Tivemos então cerca de uma hora e meia para descansar as pernas na viagem de trem até Dortmund. Chegando lá fomos para a estação do metrô para checar qual percurso faríamos para ir até o hotel (dessa vez era um hotel). Já sabíamos que esse ficava longe, mas não imaginávamos que ele ficava a um quarteirão da fronteira da cidade com a cidade vizinha. Descobrimos uma rota de ônibus que poderíamos usar, mas fomos informados depois que era uma rota que os ônibus só percorriam de madrugada. Depois um senhor nos informou que os ônibus não estavam circulando porque havia muita neve na cidade. Nossa única alternativa restante seria pegar um metrô e depois um trem até um determinado ponto e de lá seguir a pé.
Para dar uma idéia do quão longe o hotel ficava, seguimos por três estações no metrô e depois pegamos mais 20 minutos de trem. Enfim chegamos numa região que mais parecia outra cidade, e também aparentava ser freqüentada em sua grande maioria pela galera da terceira idade. Avistamos um mapa na rua e traçamos nossa rota para o hotel. E andamos, andamos, andamos, depois andamos mais (com mochilas pesadas nas costas). Depois de uma manhã subindo e descendo centenas de degraus de escadas ainda tivemos que encarar uma caminhada de uns três quilômetros pela noite mais fria de todas no meio de calçadas cheias de neve para dificultar só um pouco mais nossa caminhada.
Enfim conseguimos. Estávamos no hotel, a poucos metros da divisa com a cidade vizinha. Tínhamos ido parar onde Judas perdeu as meias, porque as botas ele já havia perdido bem antes. Estávamos cansados, com frio e com fome. E era domingo. Estava praticamente tudo fechado. Só não digo tudo porque graças a Deus os turcos trabalham nos domingos. E lá fomos nós numa lanchonete turca saciar nossa fome com Döners. Para encerrar a noite, já que não tinha praticamente nada para se fazer na cidade e o centro ficava muito longe, ficamos no hotel jogando um tipo bem exótico de boliche. Foi bem interessante.
Na segunda era dia de passear pela cidade. Fizemos mais do mesmo. Fomos ao centro, visitamos o Weihnachtsmarkt, tiramos fotos, tiramos mais fotos, visitamos o estádio de Borussia Dortmund, andamos mais um pouco e nos cansamos rápido. O dia passou rapidamente por conta da demora que era pra chegar do hotel até o centro. No fim do dia seguimos então para Essen.
Em Essen pelo menos deu tudo certo. O albergue ficava um pouco longe, mas bastava pegar uma linha de metrô que ele nos deixava bem pertinho. Descansamos mais um pouco, pois ainda não estávamos totalmente recuperados da maratona do domingo, então saímos para comer alguma coisa e encerramos a noite tomando uma cerveja num bar bastante agradável.
No dia seguinte era hora de refazer todas as atividades. Andar pelo centro, tirar várias fotos e etc. Voltamos ao mesmo bar da noite anterior para apreciar um delicioso macarrão a bolonhesa que era o prato da promoção do dia. Finalmente havíamos tido um almoço decente. Estávamos descansados, aquecidos e alimentados. Prontos para fazer um boneco de neve!
Andando um pouco mais pela cidade encontramos uma árvore de natal numa área bem espaçosa e cheia de neve. Prontamente começamos a meter a mão na massa e aos poucos fomos dando forma ao nosso boneco. Não tínhamos a menor noção de como fazê-lo, mas no final acabamos criando o boneco de neve mais maneiro de todos, com um barrigão de chopp, um narigão de batata e um sorriso maroto. Mais uma tarefa estava cumprida. Era hora de finalizar nossa viagem indo para Düsseldorf.
Agora já estávamos craques em localizar albergues. Desta vez não tivemos dificuldades. O albergue ficava perto da Hauptbahnhof, a poucos minutos do centro, tudo perfeito. Demos aquela velha descansada do fim de tarde, à noite jantamos uma pizza. Pela primeira vez comemos uma pizza de verdade. Todas as pizzas que tínhamos comido até agora foram feitas por turcos, e eles gostam de botar os ingredientes embaixo do queijo, não sei por que. Após mais uma bela refeição demos uma volta no centro, passamos um bom tempo caçando algum bar até encontrarmos um bem movimentado onde estava rolando um karaokê. Perfeito pra mim. Tomamos mais algumas cervejas, assistimos a galera cantando, realizei mais uma performance e por fim retornamos ao albergue.
Para fechar nossa viagem, mais um passeio pela cidade, com direito a uma visita à torre de TV/Rádio, da cidade (na verdade supõe-se que isso é um disfarce, pois há quem diga que as cidades da Alemanha são cheias dessas torres grandonas para que eles possam realizar comunicações com seres alienígenas). Tiramos mais fotos da paisagem branca e cinza, demos uma volta na beira do rio Reno, andamos mais um pouco pelo centro e encerramos nosso passeio com mais uma guerra de bolas de neve, seguida de um divertido rolamento numa pequena colina e tirando uma foto sem camisa. Todas as nossas tarefas com a neve haviam sido cumpridas. Era hora de voltar para casa.
Na volta ainda tivemos o desprazer de ter o nosso trem cancelado por causa de algum problema não informado e tivemos que esperar uma hora a mais na Hauptbahnhof para podermos enfim seguir para casa.
Agora é hora de preparar as malas novamente, pois nesta quinta estarei me dirigindo à bela cidade de Liverpool. Desta vez planejamos tudo direitinho para termos várias coisas a fazer nos dois dias de viagem. Vamos nessa!

3 comentários:

  1. Oh vidinha masomeno. E o pai e a mãe patrocinando os micos. ahahah.

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  2. Ufa! Li tudinho, viu?
    Na MINHA vidinha mais ou emnos, embarco para Tamanda Beach hoje a tarde.

    Já vi neve e toquei na neve na minha vida. Mas nunca tive a oportunidade de fazer najos e bonecos de neve >.<' Invejinha.

    Morri de pena de vocês andando, andando, andando, andando, andando... enfim, ANDANDO! uaiuhiuehaiuhieuhaiuhaeuihe. Isso só acontece contigo (e quem estiver junto hahahaha)!

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