quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Duas noites fracassadas

Para aqueles que se divertiram com as minhas mancadas com as chaves do meu quarto, está na hora de rir um pouco das minhas desgraças. Não precisam ter vergonha em rir disso, porque se eu me importasse não estaria escrevendo.

Enfim, a primeira noite começou como toda sexta feira qualquer. Não tive aula, só precisei me preocupar em ir para a academia e planejar o que fazer de noite. Na minha página de eventos do facebook estava um convite para participar de uma festa organizada pelos espanhóis num dos Wohnheims da cidade, o Michaelishof. Para mim era uma ótima opção.

Juntamos a trupe dos brasileiros e combinamos tudo para ir à festa. Jantamos e eu segui para o meu quarto me arrumar. Ao retornar fui informado de que nosso tram passaria na nossa parada em nove minutos. Tranquilo. Eu estava pronto (com minha Pitú, alguns limões e açúcar dentro de uma sacola para preparar aquela caipirinha mais tarde) os outros também estavam. Então não havia razão para se preocupar.

Mas eis que alguém diz que era necessário comprar um gluhwein (um tipo de vinho quente, ruim como todos os vinhos, que a galera daqui adora tomar nessa época) para que eles não chegassem na festa de mãos vazias. Saímos correndo para o supermercado do lado do prédio para comprar o maldito gluhwein. Compramos rapidamente, e então tivemos que encarar a porra da fila do supermercado. Adivinha o que aconteceu? Perdemos o tram.

O próximo só chegaria em 15 minutos. O que fazer agora? Vamos a pé mesmo, carregando nossas bebidas no meio da chuva. Ao chegarmos na estação da prefeitura constatamos que o próximo tram que poderíamos pegar também levaria cerca de 15 minutos para chegar. Então façamos o resto do percurso a pé. Cerca de meia hora depois de sairmos do nosso querido e aconchegante APM, chegamos ao Michaelishof.

Chegamos no pátio e fomos muito bem recebidos pelo hausmeister que já veio bradando "keine party, keine party auf der kuche". O safado soube que os espanhóis estavam organizando uma pequena festa numa das cozinhas do alojamento e tratou de acabar com a brincadeira da galera. Simplesmente não tínhamos mais festa nenhuma.  E o cara ainda ficou querendo expulsar a gente do pátio, depois da entrada e no fim ainda quis expulsar a gente da calçada na frente do prédio ameaçando chamar a polícia se não fôssemos embora.

Como os espanhóis não tomavam uma atitude sobre o que iriam fazer agora, então eu e os brasileiros decidimos voltar para o APM. Mas teríamos que voltar andando de novo? Que nada, bastava voltar à estação da prefeitura e pegar o próximo tram que sairia em... 6 MINUTOS!

"Vamo depressa! Rápido que dá!" Andamos depressa, depois corremos, fizemos o que pudemos mas não chegamos a tempo. Perdemos o tram de novo e tivemos que regressar novamente a pé debaixo da chuva, com nossas bebidas intocadas. Resultado? Acabou tudo em... pizza! Literalmente! Depois de tanta bola fora só nos restava ir ao turco mais próximo e pedir uma bela pizza de salame para pelo menos terminar a noite de barriga cheia.


Seguimos então para a segunda noite fracassada. Uma noite de terça. Como todas as noites de terça, era noite de Jolly Joker. E esta era ainda mais especial porque era a última de muitos que iriam viajar para as festas de Natal e Ano Novo e só voltariam em janeiro.
Uma noite numa boate era uma boa oportunidade para eu me dar bem com as galegas. Mas dessa vez eu estava de olho numa morena, meio espanhola, meio alemã, que havia conhecido por aqui. A gente já tinha batido um papo em outras ocasiões e a família alemã dela vivia em Essen, cidade que eu iria visitar em breve. Dizer que queria conversar um pouco com ela e perguntar sobre a cidade era a deixa perfeita para chamá-la para sair e tomar uma cerveja e depois encerrar a noite na Jolly Joker.
Pois bem, assim o fiz. Falei que queria conversar com ela sobre a cidade. Ela disse que iria para a Jolly Joker e eu aproveitei para convidá-la para tomar uma cerveja antes e então seguir para a boate. Ela prontamente aceitou. Eu tinha um encontro e depois encerraria a noite numa boate. Estava tudo perfeito. Praticamente garantido, pensei.
Mas como “praticamente” não garante nada... eis que aos poucos eu fui quebrando a cara. Me encontrei com ela, conversamos um pouco enquanto andávamos em direção ao bar, até que ela me disse que um dos meus colegas do curso de alemão havia ligado para ela perguntando o que ela faria de noite e ela o convidou para ir junto conosco. FFFFUUUUUUUUUUUUU!!!!!!
Eu havia feito tudo certo. Só havia esquecido de um pequeno detalhe. Dizer para ela que essa saída deveria ser uma saída a dois. No final das contas, não só um, mas três colegas do curso apareceram para nos fazer companhia. Só para constar, os três eram americanos.
Então era isso, meu encontro estava arruinado. Mas a noite ainda não estava perdida. Ainda havia a Jolly Joker para me salvar. Afinal o bar era só a preparação do terreno. A boate seria o local do ataque.
Então dois dos americanos foram para casa e um deles seguiu com a gente para a boate. E no caminho encontramos com outro americano colega do curso, que estava inclusive morando com a minha amiga a poucos dias. Pra falar a verdade eu havia conhecido ela através dele. Enfim, fomos todos juntos para a boate.
Chegando lá fomos logo pegar mais algumas bebidas. O clima foi ficando mais descolado, a galera conhecida foi chegando aos poucos, todo mundo se divertindo, dançando, e etc. Então estava na hora de eu fazer a minha parte. Conversei um pouco com ela, se aproximando sem pressa, depois comecei a dançar com ela, mas percebi que ela não olhava direito para mim, estava sempre com o rosto virado e começou a beber sua cerveja bem rápido, querendo acabar logo com ela. Assim que acabou a cerveja ela se sentou. Eu resolvi dar um tempinho até tentar de novo e fiquei na minha, fui dar uma volta.
Eis que então, algum tempo depois eu vejo ela dançando com o americano que tínhamos encontrado no caminho para a boate. E ela parecia bem mais animada dançando com ele. E eu posso garantir, se eu já sou lento, o sujeito era três vezes mais. Foi pelo menos uma meia hora com os dois dançando e eu pensando “porra velho! Ou pega ou não pega! Agora para de enrolar!” até que finalmente saiu um beijo entre os dois. FFFUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU de novo!
Pois é, se eu estou querendo ela, mas ela quer o outro cara, quem é que vai conseguir o que quer no final? Ela, é óbvio.
O que me incomodou não foi nem o fato de ela ter beijado outro, mas toda a situação que ocorreu até isso.  Ela aceita um convite que deveria ser de uma saída a dois, chama mais três, e depois ainda beija um cara que ela já conhecia um tempão, com quem já podia ter rolado algo há tempos. Mas não podia acontecer antes né, tinha que ser justo na noite que eu escolhi para tentar investir nela. POR QUE SIMPLESMENTE NÃO RECUSASTES MEU CONVITE PARA SAIR, CARALEOS!! Teria sido muito mais simples!! Infelizmente ela não percebeu qual eram minhas reais intenções, senão talvez tivesse recusado o convite e evitado todo esse aborrecimento.
Pois é, vivendo e aprendendo (ou seria se fudendo?). Ainda bem que aqui na Alemanha o que não falta é mulher bonita. Está mais do que na hora de melhorar minha situação.

Espero então que tenham se divertido bastante com minhas frustrações hoje. Nos próximos dias falarei sobre os dias da minha viagem. Se acharam que isso foi frustração demais esperem até saber como foi minha noite em Köln. Abraços.

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