terça-feira, 28 de junho de 2011
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Deutsche Reise - Ibiza, parte 1
A minha jornada na Stulz havia finalmente chegado ao fim. Foram dois meses puxados, mas bem interessantes. Apesar de eu não ter tido condições de executar tarefas e projetos mais complexos pude aprender bastante sobre o dia a dia da empresa e como os departamentos trabalham e se interrelacionam. E ainda tive a oportunidade de praticar o idioma por oito horas diárias. Gostaria de mandar meus agradecimentos para meu cunhado Ernesto pela oportunidade que me foi dada e dizer que foi uma experiência única que ajudou no meu desenvolvimento profissional e que com certeza me trará outros benefícios no futuro.
Encerrei meu contrato na quarta feira, agradeci ao pessoal mais próximo pela oportunidade e o tempo dedicados a mim, almocei e fui imediatamente para a Hauptbahnhof pegar um trem para Bremen. Lá haveria um avião me esperando no aeroporto para me levar a Ibiza, além de um pequeno grupo composto por outras onze pessoas. Sete brasileiros, Guilherme, Barretão, Rominho, Rodrigo, Alex, Kelly e Serjão (um tiozão muito engraçado que era professor do Cefet do Rio e estava fazendo um mestrado (ou doutorado, não lembro exatamente qual) em Braunschweig e havia conhecido o pessoal sabe-se lá como. Para completar o grupo havia nosso amigo alemão Christoph, uma espanhola, Marina e o nosso argentino favorito Damián e um amigo argentino dele Pablo.
Ibiza, nunca imaginei que estaria lá tão cedo. A Ryanair estava me dando a chance única de conhecer essa maravilhosa ilha por apenas 60 euros. Quando a turma me informou sobre esta viagem e eu constatei que a data coincidia exatamente com o dia em que eu encerraria meu estágio eu não pensei duas vezes, entrei na internet e comprei minha passagem imediatamente. Desta vez não tive nenhum imprevisto com a Ryanair, tudo ocorreu sem nenhum tipo de problema.
Não tivemos problema nenhum com a Ryanair. Já com a locadora de carros a história foi bem diferente. Para cada carro eles pediam um depósito de 500 euros para servir como caução, como eram três carros, precisavamos pagar 1500 euros. Só que cada carro tinha que estar registrado no nome de uma pessoa e esta pessoa teria que ter os 500 euros disponíveis em sua conta. Somente Damián e Alex tinham condições de ficarem responsáveis por um carro. Os demais ou estavam sem carteira de motorista ou não tinham a quantia necessária. Como eu tinha a carteira e o dinheiro me ofereci para colocar o terceiro carro no meu nome. Só que a funcionária da companhia disse que com 18 anos era permitido dirigir, mas a locadora só registrava o carro para pessoas a partir de 22 anos. Nunca imaginei que com 21 eu fosse me sentir um moleque.
No fim das contas tivemos que ficar apenas com dois carros mesmo. Não parecia ser um grande problema. Considerando que era uma ilha podíamos usar um dos carros para fazer duas viagens sempre que quiséssemos ir para algum lugar. Não seria tão demorado assim.
Só que a tal da ilha não era uma ilhazinha qualquer não. Era muito maior do que eu imaginava. No caminho para nosso albergue não vimos um sinal sequer do mar, só montanhas. Outra coisa que pudemos constatar também foi que Damián era um péssimo motorista. Ele tentava se guiar através do GPS de Christoph, mas isso só atrapalhava. Já no dia seguinte descartamos o GPS, pois havia placas em todos os cantos para nos indicar os caminhos que deveríamos seguir. Agora quando eu quiser reclamar de alguém no trânsito, ao invés de dizer que a pessoa tirou carteira na paraíba vou dizer que tirou na Argentina.
O nosso albergue na verdade era mais uma pousada do que um albergue. Quartos bem confortáveis, toalhas em cima da cama como num hotel, camareiras todos os dias para dar um trato no quarto, tudo a um preço bem camarada. Havíamos tido sorte com a nossa habitação. Mas sabíamos que Ibiza não era nem de perto um lugar barato, então tínhamos que economizar onde fosse possível. E uma das formas de economizar era comprando no supermercado a comida do café da manhã e dos lanches.
Primeira manhã em Ibiza, hora de pegar o mapa (daqueles de papel mesmo, nada de gps fajuto), decidir para qual praia iríamos e então subir as montanhas. As estradas eram totalmente conservadas, mas era um tal de sobe e desce, curva pra esquerda e pra direita o tempo todo. Acho que ninguém esperava que a ilha fosse ser tão grande assim. Chegamos na primeira praia, tiramos algumas fotos aqui e ali, e quando eu botei o pé na água... medo! Gelada pra caramba! Resolvi que era melhor ficar só de boa, apreciando a paisagem, até porque eu ainda não tinha passado protetor e não estava afim de virar um camarão já no primeiro dia de praia. Mas os outros não pareceram se importar muito com isso. Depois de um banhozinho no mar e algumas fotos, pegamos a comida no carro, procuramos uma sombra e fizemos aquela velha farofada. Pão, presunto, queijo, frutas, água, suco, tudo o que um bom café da manhã precisa ter. Não preciso nem dizer que eu me empanturrei de pão, hehe.
Só que já nessa primeira parada rolou um pequeno acidente. Nosso querido tio Serjão caiu de uma pedra, deu uma ralada na perna e teve alguma bronca com o joelho. Ainda tivemos tempo de seguir para uma outra praia (também com a água geladinha) e deboar mais um pouco. Depois tivemos que passar numa farmácia, comprar uns remédios pra Serjão e alugar um par de muletas para o mais novo aleijadinho do pedaço.
Chegando a noite, era hora de começar os preparativos das fiestas. Como era uma quinta feira e a alta temporada ainda não havia começado nenhum dos nightclubs fodões de ibiza abriria nesta noite. Nossa opção era passear pela cidadezinha de San Antoni onde estávamos hospedados. Logo encontramos a rua dos bares e boates onde se concentrava a grande maioria da galera que estava na cidade. E o que vimos foi uma verdadeira invasão britânica. O que tinha de inglês nessa rua chegava a ser irritante. E a turma fica do lado de fora dos bares chamando o povo que está na rua para entrar. Abordavam a gente com aquele sotaquezinho cabuloso e falando feito retardados (hey guys... here...two beers...pay one...nice... yeah!). E quando entrávamos nos estabelecimentos a maioria estava praticamente vazia. O grande momento da noite foi protagonizado por duas piriguetes que encenaram uma luta livre no meio da rua. A melhor parte da noite foi que eu acabei não gastando dinheiro com bebida na rua.
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Fim do novo emprego e Hafengeburtstag
E a vida em Hamburgo seguiu seu rumo, fui conhecendo algumas pessoas novas com o tempo, continuei meu trabalho na firma e agora estava bastante animado com o novo serviço no restaurante dos americanos. Meu trabalho era o trabalho de qualquer garçom comum. Anotava os pedidos dos clientes, repassava para a cozinha, servia as bebidas e as comidas quando estava tudo pronto.
Um detalhe interessante era o cardápio do estabelecimento. Na primeira página estava escrito algo do tipo “hambúrgeres não são feitos para serem comidos com garfo e faca, então por favor, ao menos se esforce um pouquinho para tentar comer o maldito hambúrguer com as mãos!”. O detalhe é que não era um hamburguerzinho desses que a gente encontra na maioria das lanchonetes. Eram hambúrgueres de 250g que eles colocavam dentro de um pãozinho minúsculo. Coisa de americano mesmo. Tive a oportunidade de provar um dos hambúrgueres duas vezes no final do turno de trabalho.
Parecia o trabalho dos sonhos. Como o restaurante ainda não estava recebendo muitos clientes, era possível revezar os dias de quem ia trabalhar ou não. Então eu não teria problemas para viajar para Ibiza. Só que o meu sonho não durou muito tempo. Depois de trabalhar por cinco noites e lucrar aproximadamente 200 euros, Tim veio me dizer que o movimento ainda estava baixo e ele não precisava de tanta gente trabalhando como garçom no momento. E nessa hora a minha falta de experiência falou mais alto. Ele me disse que eu ficava meio travado na hora de atender os clientes, que não me comunicava com muita clareza e isso dificultava um pouco as coisas. No final das contas, ele não ia mais precisar de mim. Agora eu realmente tinha todo o tempo do mundo para viajar para Ibiza.
Depois dessa pequena decepção só me restava tentar voltar a procurar algum tipo de serviço. Só que eu não ia fazer isso durante um fim de semana. Fim de semana é o momento de tirar as preocupações da cabeça. E este seria um fim de semana bem especial porque desta vez era a turma de Braunschweig que viria para Hamburgo.
Enquanto uma parte do pessoal viajou para Praga, a outra parte resolveu ir para Hamburgo para aproveitar as comemorações do aniversário do porto. Uma caravana enorme havia vindo de Braunschweig para passar o dia em Hamburgo e retornar cedinho no domingo. Mas como eu era agora residente de lá, ofereci com muito prazer os metros quadrados de chão do meu quarto para a visita de Rominho, Rodrigo, César e Kássio.
No início da tarde fomos para o porto, que estava lotado de gente. O rio Elba estava tomado por barcos, navios, iate e qualquer outra coisa que flutuasse, uma verdadeira festa alemã com direito a várias barraquinhas de cerveja, comida, jogos e outras coisas que os alemãs adoram. Nos encontramos com nosso mascote argentino Damián que estava com um grupo de espanhóis. Depois do passeio pelo porto nos encontramos com Rodolfo e Marina e fomos todos para um parque relaxar até o sol se por.
Mas no final não houve nada de relaxante no passeio pelo parque. Encontramos uma outra turma e alguém dessa turma tinha uma bola. Era só o que precisávamos. Uma parte do grupo passou o resto do tempo jogando uma pelada daquelas bem peladeiras mesmo enquanto a outra parte ficou batendo papo sentada na grama. Eu fiquei na parte dos peladeiros, afinal, eu ainda não havia jogado futebol desde que chegara na Alemanha. Não preciso nem entrar muito em detalhes sobre a pelada, pois quem me conhece sabe o nível do meu futebol. Depois de muito tempo consegui acertar um belo chute e fazer a bola ir parar num lago que estava bem longe do campo. Sinal de que era hora de irmos embora. Kássio foi resgatar a bola e nós resolvemos encerrar o jogo.
Era hora então de reunir a cambada para voltar para casa, jantar e começar os preparativos para a noite de Hamburgo. Fizemos uma macarronada, compramos vodka, tomamos banho e iniciamos os trabalhos. E considerando que eu moro bem pertinho do centro da cidade, todas essas etapas nos consumiram bastante tempo. Quando chegamos nos arredores da Reeperbahn já era cerca de meia noite.
Encontramos Damián e sua turma, que haviam tomado outro destino, e lhes entregamos alguns packs de cerveja que eles tinham encomendado. Só que na Reeperbahn não era permitido caminhar com garrafas de vidro, então eles precisariam beber em outro lugar. Nisso Rodolfo havia me ligado avisando que rolaria uma festa de um amigo de um amigo dele e todos eram bem vindos. Não precisou falar duas vezes, lá fomos nós, um grupo de cerca de 15 pessoas para invadir a festa do maluco. A ideia era ficar lá bebendo até umas duas da manhã e depois voltar para a Reeperbahn. Bem, ficou só na intenção mesmo.
Acabou que todo mundo curtiu demais a tal da festa, fomos ficando, ficando, ficando... e levando em consideração o grupo grande que estávamos, reunir todo mundo para ir embora foi uma tarefa complicadíssima. No final das contas acabamos chegando na Reeperbahn perto das seis da manhã. Aproveitei para dar um pulinho na McDonald’s e comprar aquele velho cheeseburguer-anti-qualquer-bebedeira e renovei minhas energias. Nesse trajeto o grupo se dividiu em vários outros grupos menores e eu acabei encerrando a noite (que agora já era dia) no Fischmarkt com os outros sobreviventes. No final das contas a Reeperbahn que era o motivo principal da vinda do pessoal para Hamburgo foi totalmente esquecida. Depois de reencontrar alguns dos outros intercambistas de Braunschweig que tinham ido passar o dia em Hamburgo também e bater um papo com eles era finalmente hora de voltar para casa. Reuní Rodrigo e Kássio que eram os dois que estavam por perto naquela hora e fomos encarar a longa viagem de metrô para casa. Chegamos em casa sem qualquer notícia de Rominho ou de César, mas quando estávamos prestes a dormir Rominho ligou dizendo que havia dormido no metrô no caminho para casa, chegado até o ponto final e feito o percurso contrário para voltar ao centro, mas que estava quase chegando em casa. Com o sono que eu estava tudo o que eu disse foi “eu não me levanto pra abrir a porta pra ninguém, um de vocês dois vai fazer isso” e apaguei.
O domingo já começou com aquela cara de domingo. Todo mundo morto, meio lento, sem conseguir raciocinar direito. Aos poucos fomos retornando ao nosso estado normal e começaram a surgir comentários e histórias de tudo o que havia acontecido na noite anterior. Para preservar a reputação dos meus colegas (e a minha) não entrarei em detalhes sobre o que aconteceu. Talvez eu fale disso pra quem estiver interessado quando voltar para Recife. E assim havia terminado mais um fim de semana. A turma voltou para Braunschweig e só me restava descansar mais um pouco para recuperar as energias e me preparar para meus três últimos dias de trabalho.
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